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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
MERCADO DE TRABALHO

Inclusão de pessoas com deficiência no trabalho ainda enfrenta barreiras no Estado

Apesar dos avanços dos últimos anos, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho ainda enfrenta entraves sérios

Caroline Gonçalvespor Caroline Gonçalves em 11 de setembro de 2025
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O mercado de trabalho ainda impõe barreiras estruturais, atitudinais e legais para pessoas com deficiência Foto: Freepik

Apesar dos avanços dos últimos anos, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho ainda enfrenta entraves sérios, especialmente em Goiás. Segundo dados do Fórum de Inclusão no Mercado de Trabalho das Pessoas com Deficiência e dos Reabilitados (Fimtpoder) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Estado tem 53,49% de inclusão nas atividades corporativas, abaixo da média nacional de 58%. 

 

Para o presidente da entidade, Trajano Figueiredo, o número revela que as barreiras vão além da legislação: “Há preconceito, despreparo de gestores, falta de informação e estrutura. E, em alguns casos, até de vontade das empresas em avançar na inclusão”.

 

A Lei nº 8.213/91, conhecida como Lei de Cotas, exige que empresas com mais de 100 funcionários reservem de 2% a 5% de suas vagas a pessoas com deficiência ou reabilitados do INSS. No entanto, mais de 46% das empresas goianas ainda não cumprem a norma. Figueiredo destaca: “Temos um longo caminho a percorrer, e ninguém vai avançar sozinho. ‘Nada sobre nós, sem nós’: é fundamental ouvir quem vive essa realidade”.

 

A psicóloga Izabela Ganger, que possui displasia diastrófica, relata experiências marcadas por falta de acessibilidade e empatia: “Já na entrevista, tive dificuldades físicas para chegar ao local, enfrentar escadas, sentar. Durante a conversa, me perguntaram se eu conseguiria ir trabalhar sozinha. A sensação era de que minha capacidade profissional não era o foco.” Ela também ressalta que só conseguiu o primeiro emprego por meio da cota: “Minha competência vinha sempre depois da minha condição física”.

 

Casos como o de Izabela mostram que a inclusão ainda é um ideal distante. Para Elizabeth Mendes, ostomizada após tratamento de câncer, a deficiência invisível também traz desafios. “Nunca me senti desrespeitada, mas há muita curiosidade e falta de preparo por parte dos recrutadores. Muitas empresas não sabem nem o que é necessário para receber uma pessoa como eu.” 

 

Conselheira de direitos da pessoa com deficiência, ela alerta para a falta de banheiros adaptados e o despreparo geral para lidar com diferentes tipos de deficiência: “Não basta ter estrutura, é preciso preparo emocional, conhecimento e empatia”. O presidente da Fimtpoder comenta que os obstáculos ainda persistem, enquanto o mercado se adapta. 

 

Lorranny Sousa, especialista em RH, destaca que a inclusão exige planejamento, investimento e cultura organizacional. “É necessário garantir acessibilidade total, tanto física quanto digital, e treinar líderes e equipes para lidar com diversidade sem capacitismo.” 

 

A especialista elenca as ações essenciais como a estrutura acessível: rampas, elevadores, banheiros adaptados, sinalização tátil, tecnologias assistivas e softwares compatíveis com leitores de tela; a cultura de inclusão: letramento em deficiência, treinamentos sobre comunicação inclusiva, manuais práticos e criação de grupos de afinidade que discutam melhorias; oportunidades iguais: planos de carreira acessíveis, avaliação de desempenho justa e possibilidade real de ascensão profissional com base no mérito, além de recrutamento adaptado: vagas com linguagem inclusiva, processo seletivo acessível e parceria com consultorias especializadas para atrair talentos Pessoa com Deficiência (PCD).

 

Mesmo com todos esses pilares identificados, Lorranny afirma que a maior dificuldade ainda é a quebra das barreiras atitudinais: “Preconceito e desconhecimento criam bloqueios invisíveis. A mudança começa pela escuta ativa, educação constante e flexibilização de processos.

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