Poeta goiano aposta no amor em novo livro
Aos 27 anos, Vinícius Queiroz lança Amanhã te amarei a primeira vez, seu terceiro título em três anos
Em uma época em que a ironia dita o tom e a entrega é vista com desconfiança, o poeta goiano Vinícius Queiroz, 27, insiste em levar o amor a sério. Seu novo livro, Amanhã te amarei a primeira vez (2025), já em pré-venda, aposta em uma poesia que não teme o exagero, assume a vulnerabilidade e faz do afeto um território criativo.
Natural de Goiânia, Vini, como é conhecido entre leitores e amigos, construiu em pouco tempo uma trajetória singular. Em três anos, publicou três obras: Ainda ontem pensei com o coração (2023), Hoje falei de nós dois para um estranho enquanto esperava o ônibus (2024) e agora Amanhã te amarei a primeira vez, que ele define como “o livro mais romântico” da carreira. “A produção aconteceu de forma natural, movida pelo desejo de criar obras que dialogassem com as pessoas. Minha forma de agradecer ao carinho dos leitores sempre foi criar para eles”, explica.
Entre o cotidiano e o extraordinário
A força de sua poesia reside no deslocamento: transformar gestos banais em epifanias amorosas. “O amor cotidiano é extraordinário. O mundo através dos olhos de quem ama é tão bonito, todos os detalhes fazem a diferença. Esse equilíbrio aconteceu de forma natural na escrita”, afirma.
Cada poema do novo livro é pensado como confissão. “Cada página é uma declaração de amor”, resume. As imagens transitam entre o real e o fantástico, entre o abraço corriqueiro e a sensação de eternidade. Nesse jogo, a poesia se transforma em refúgio. “Esse livro é a minha tentativa de ocupar um espaço na prateleira de grandes poetas românticos da nova geração. Ele é um resgate do amor fantástico, do amor exagerado, sem medo nenhum do ridículo”.
O pedido de casamento
O gesto mais ousado talvez esteja na decisão de incluir, nas páginas, o próprio pedido de casamento. Para ele, era inevitável. “O meu pedido é a prova de que o amor existe para mim, que tudo o que sinto é real. Decidi colocar esse texto no livro porque queria compartilhar essa crença. Todos merecem conhecer o amor. Claro, também queria homenagear minha companheira. Ela me disse que amou — os olhos dela e o sorriso já tinham me dado essa resposta antes”.
No livro, o momento íntimo ganha proporção coletiva, como se cada leitor fosse convidado a testemunhar a materialidade do amor. Para Queiroz, literatura é lugar de abrigo: “Queria me declarar para ela em um lugar que sempre vamos poder voltar”.
A lógica do tempo
O título, Amanhã te amarei a primeira vez, sintetiza a obsessão do autor com o tempo. Amanhã, primeira vez, repetição. “Todos os dias são a primeira vez daquele amor, das brigas, das reconciliações. O amor se renova no cotidiano”.
Para ele, escrever é sempre viajar no tempo. “Quando escrevo sobre saudade, volto ao passado. Quando descrevo algo que está acontecendo, estou inteiro no presente. Quando penso em planos, estou no futuro. O amor se alimenta do tempo: se fortalece ou enfraquece”.
Um poeta no mapa
O autor aposta alto no alcance de sua obra. “Espero que esse livro me dê a oportunidade de estar nas prateleiras dos poetas que são referência no amor.” A escolha estética se distancia da ironia dominante e reforça a vulnerabilidade como traço central, sem receio de afirmar o afeto como potência.
Literatura e risco
Seus versos partem da tradição confessional, mas não se prendem a ela. O exagero não é visto como defeito, mas como coragem. “Quando se cresce, a fantasia perde espaço para a realidade, os sonhos mudam, a forma de demonstrar também. Por isso o livro navega nesse lugar fantástico, convidando o leitor a revisitar a sensação inquietante e mágica que é o amor”.
Entre a literatura e a vida
A produção literária do autor acontece paralelamente a outras expressões artísticas. Ele também transita pela composição musical e pela atuação. Mas é na escrita que encontra sua voz mais forte. “Cada poema é um fragmento de alma, uma confissão íntima, um retrato da vulnerabilidade humana diante da intensidade de sentir”, diz.
A intersecção entre vida e literatura é explícita: da primeira publicação, ao novo livro, que incorpora não só a maturidade, mas também a experiência pessoal de quem escolhe se expor. “Eu olho para o livro e percebo a minha evolução como pessoa, como artista e escritor. Esse terceiro capítulo da minha caminhada é a minha tentativa de me colocar no mapa dos escritores românticos da literatura nacional”.
Uma obra aberta
Publicado pela editora independente Devir Poesia e Prosa, o livro já circula em pré-venda online, acompanhado de expectativa entre leitores que acompanham o poeta desde as primeiras publicações nas redes sociais. Não se trata apenas de um exercício estético: para Queiroz, escrever é também um ato de comunhão.
“Espero que os leitores encontrem nas páginas um lugar de retorno, de aconchego, um ninho para voltar e ficar em paz”, diz.