Suplementos viram hábito entre jovens, mas uso sem orientação preocupa
Pesquisa indica que apenas 36% dos brasileiros contam com acompanhamento médico no consumo de vitaminas; para 70% dos jovens, a prática já faz parte da rotina
O consumo de suplementos alimentares consolidou-se como tendência no Brasil, principalmente no período pós-pandemia. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva, em parceria com a Neo Química, mostra que apenas 36% da população utiliza vitaminas ou compostos nutricionais com acompanhamento médico. O dado chama atenção diante do aumento expressivo da prática, especialmente entre jovens de 18 a 29 anos: 70% deles afirmam recorrer, mesmo que de forma ocasional, a suplementos.
Para essa faixa etária, saúde e bem-estar não se resumem a aspectos físicos, mas também ao equilíbrio emocional. A pesquisa aponta que os jovens associam o cuidado com a mente a um elemento central da vida saudável, em sintonia com a busca por rotinas mais atentas à qualidade de vida. Ao mesmo tempo, cresce a adesão a cápsulas, pós e comprimidos que prometem reforço nutricional, quase sempre sem supervisão profissional.
O levantamento evidencia um paradoxo. Se por um lado a suplementação aparece como símbolo de autocuidado e modernidade, por outro revela uma lacuna de orientação que pode comprometer os resultados esperados. Os produtos são vistos como aliados da saúde por 91% dos brasileiros da classe C, mas o consumo acontece, em grande parte, de forma espontânea.
A função dos suplementos é complementar a dieta, oferecendo vitaminas, minerais, enzimas, probióticos e substâncias bioativas que, muitas vezes, não estão presentes em quantidades suficientes na alimentação cotidiana. Eles são procurados para aumentar energia, acelerar a recuperação muscular e preencher lacunas nutricionais. No entanto, a ausência de acompanhamento especializado levanta dúvidas sobre segurança e eficácia.
A pesquisa também sugere mudanças de comportamento em relação à saúde. A valorização do equilíbrio emocional, a busca por desempenho corporal e a disseminação de informações nas redes sociais criaram um ambiente favorável ao crescimento do mercado de suplementos. A prática, porém, ainda convive com o risco do improviso, já que nem sempre há clareza sobre a real necessidade de cada organismo.
O cenário reforça um movimento em que a preocupação com o bem-estar se tornou mais presente na vida dos brasileiros. A disseminação da suplementação como hábito cotidiano sinaliza um mercado em expansão e uma população atenta ao tema, mas revela também a urgência de informação clara para que o cuidado não se transforme em excesso.