O número de gatos em lares brasileiros cresce de forma consistente e abre espaço para novos negócios no setor pet. Entre 2022 e 2024, a população felina doméstica passou de cerca de 29,2 milhões para 30,8 milhões, um avanço de aproximadamente 5,4% no período. Esse movimento tem alterado o perfil de consumo e impulsionado empreendedores a buscar nichos especializados.

Em 2024, o faturamento do mercado pet brasileiro superou R$ 75 bilhões, com crescimento de 9,6% em relação ao ano anterior. O segmento de alimentos continua sendo o carro-chefe, representando mais da metade do total, seguido por produtos veterinários, serviços de saúde animal e cuidados diversos. A alta no número de gatos reflete diretamente nesse cenário, já que a espécie ocupa cada vez mais espaço nos lares e nas escolhas de consumo das famílias.

Serviços especializados

A expansão da presença felina gera oportunidades específicas que vão além da venda de ração ou acessórios tradicionais. Hospedagens exclusivas para gatos, com ambientes adaptados para reduzir o estresse, tornaram-se uma alternativa em centros urbanos. Outra tendência é o serviço de cat sitter, em que profissionais cuidam dos animais na própria residência, evitando deslocamentos e mudanças bruscas de rotina.

Clínicas voltadas apenas para felinos também ganham espaço, com atendimento especializado em doenças e comportamento da espécie. A estrutura diferenciada busca reduzir a ansiedade durante consultas e procedimentos. Além disso, surgem espaços de convivência que permitem interação entre tutores e animais em ambientes planejados para lazer. Há ainda o crescimento da criação de raças raras, que envolve exigências de registro, castração e vacinação, movimentando valores elevados e exigindo rigor no controle de custos e processos.

Perfil do tutor

O tutor de gatos tem um perfil de consumo distinto. Em geral, valoriza o bem-estar do animal e busca soluções práticas que combinem qualidade, segurança e comodidade. A adaptação do gato a ambientes menores, como apartamentos, também ajuda a explicar o crescimento da espécie em grandes centros urbanos.

Há ainda um processo de humanização nos cuidados, que se traduz em procura por alimentação premium, serviços de estética, cuidados preventivos de saúde e estímulos comportamentais. Esse comportamento eleva a demanda por produtos e serviços mais sofisticados, consolidando um mercado com margens atraentes.

Retornos e desafios

Apesar das oportunidades, empreender no nicho felino exige atenção. Os custos operacionais são altos, já que demandam espaços adaptados, higiene rigorosa e profissionais capacitados. Além disso, setores como criação de raças específicas enfrentam exigências legais relacionadas a transporte, castração e vacinação obrigatória.

Outro desafio é a confiança do consumidor. Tutores de gatos tendem a buscar recomendações, avaliações e comunidades especializadas antes de contratar serviços ou adquirir produtos. Assim, reputação e credibilidade tornam-se elementos centrais na estratégia de negócios.

A localização também é decisiva. Grandes centros concentram a maior demanda, mas apresentam custos elevados e concorrência intensa. Nesse contexto, identificar o público-alvo é fundamental: desde consumidores de alto poder aquisitivo até aqueles que priorizam conveniência e serviços acessíveis.

Projeções

O mercado pet brasileiro deve manter trajetória de crescimento nos próximos anos, e o segmento felino figura entre os mais dinâmicos. Produtos veterinários e serviços de saúde animal devem apresentar taxas acima da média, em linha com a busca por prevenção e atendimento especializado.

O aumento da presença de gatos nos lares, aliado à mudança de hábitos urbanos e ao maior investimento das famílias em bem-estar animal, tende a fortalecer a expansão desse nicho. Para empreendedores, a combinação de inovação, qualidade e confiança será determinante para consolidar presença em um setor que cresce em ritmo acelerado.