O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (23) manter aberta a “via do diálogo” na Venezuela durante a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Ao abordar instabilidades no Caribe e na América Latina, Lula citou também Haiti e Cuba, destacando que a região enfrenta “momento de crescente polarização e instabilidade”.

“Outras partes do planeta já testemunharam intervenções que causaram danos maiores do que se pretendia evitar, com graves consequências humanitárias, afirmou”, afirmou o presidente. Lula enfatizou que a via do diálogo não deve estar fechada na Venezuela, que o Haiti tem direito a um futuro livre de violência e que é inadmissível que Cuba seja listada como país que patrocina o terrorismo. O presidente brasileiro se afastou de Nicolás Maduro, mas manteve relações com Caracas, ressaltando que a prioridade é preservar a região como zona de paz.

O combate ao tráfico de drogas, segundo Lula, não deve ser feito por meio da equiparação entre criminalidade e terrorismo, estratégia adotada pelo governo norte-americano. “A forma mais eficaz é a cooperação para reprimir a lavagem de dinheiro e limitar o comércio de armas. Usar força letal em situações que não constituem conflitos armados equivale a executar pessoas sem julgamento”, afirmou.

Após a fala de Lula, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, durante seu discurso fez um alerta contra traficantes. “Por favor, estejam avisados de que vamos acabar com sua existência”, disse. Ele destacou operações norte-americanas contra cartéis no mar da América Latina e informou que mais de 4 mil fuzileiros navais e marinheiros foram enviados à região como parte do esforço intensificado.

A fala de ambos vem em um momento em que a Venezuela e os EUA vivem uma crise diplomática e militar. Trump relembrou durante o discurso que, os EUA atacaram barcos que estariam transportando drogas no Caribe, ainda citou redes de tráfico lideradas por Maduro como alvo da ação militar.