Justiça condena homem a mais de 67 anos de prisão por feminicídio de mulher trans em Mineiros
Laudo apontou que Mirella, de 23 anos, ainda estava viva quando foi incendiada
A Justiça de Goiás condenou José Wagner da Silva a 67 anos, 7 meses e 20 dias de prisão pelo assassinato brutal de Mirella, mulher trans de 23 anos, em Mineiros, no sudoeste goiano, em setembro de 2024. O julgamento, que se estendeu por cerca de 10 horas, reconheceu que o crime foi motivado por homofobia e praticado com extrema crueldade.
Segundo a investigação, após conhecer Mirella em um bar, o acusado a convidou para beber em sua casa. Ao descobrir que ela era transexual, passou a agir com ódio e a golpeou diversas vezes com uma pedra na cabeça. Ainda com sinais vitais, a vítima foi enrolada em uma lona, levada ao quintal e incendiada. O laudo pericial confirmou que Mirella ainda estava viva quando foi queimada, o que impossibilitou que a família pudesse oferecer a ela um enterro digno.
Durante o julgamento, o juiz Matheus Nobre Giuliasse destacou a gravidade do crime e ressaltou que o réu, ao carbonizar o corpo, não apenas ocultou provas, mas também privou os familiares do direito de preservar a memória da jovem. Os jurados também consideraram que José Wagner tentou apagar vestígios ao limpar a cena e incinerar o corpo.
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Na acusação, o Ministério Público reforçou que “mulher trans mulher é” e defendeu a condenação integral. A defesa tentou reduzir a pena alegando confissão espontânea, mas o argumento foi rejeitado.
A sentença fixou 65 anos, 1 mês e 18 dias de reclusão por feminicídio e mais 2 anos, 6 meses e 2 dias por fraude processual. Além da pena em regime fechado, José Wagner terá de pagar R$ 50 mil de indenização mínima à família de Mirella, acrescidos de juros e correção monetária.