Suspeita de metanol em bebidas leva Estado a realizar força-tarefa em Goiás
Ação conjunta em Goiânia e região metropolitana apreende mais de mil garrafas suspeitas e autua 19 estabelecimentos; produtos passam por perícia para identificar possível presença de metanol
Mais de mil garrafas de bebidas alcoólicas foram apreendidas em Goiás durante uma força-tarefa montada para combater falsificações e investigar suspeitas de contaminação por metanol. A operação começou na quinta-feira (2) e passou por Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade e Senador Canedo. Até agora, 19 estabelecimentos foram autuados, entre bares, distribuidoras e mercearias.
A ação foi organizada depois de casos de intoxicação por metanol registrados em outros estados do país. Segundo o coordenador da operação, Gustavo Carlos Ferreira, as equipes encontraram uma série de irregularidades, como bebidas sem selo de origem, embalagens suspeitas, lacres violados e produtos vencidos há vários anos. “Foram recolhidas 82 amostras, que estão sendo analisadas pela Polícia Técnico-Científica. Os laudos devem sair no início da próxima semana”, explicou.
Gustavo afirmou que ainda não há casos confirmados de intoxicação por metanol, mas que os suspeitos estão sendo acompanhados de perto. “Todos os casos suspeitos que foram registrados, estão sendo acompanhados pela pela força- tarefa, tanto pela Secretaria de Saúde quanto Secretaria de Segurança Pública até mesmo as diligências de investigação sobre elas. Até agora, nenhum caso em Goiás foi confirmado, apreendido algum objeto que tenha sido contrafeito com metanol”, afirmou
O delegado-geral da Polícia Civil, André Ganga, explicou que quem vende bebida falsificada pode ser condenado a até oito anos de prisão. “O artigo 272 do Código Penal prevê pena de quatro a oito anos de reclusão. Se for comprovado que o vendedor sabia da origem duvidosa e mesmo assim comercializou, ele responde por dolo eventual, ou seja, assumiu o risco de provocar uma intoxicação”, disse.
As análises laboratoriais devem indicar se há metanol entre os produtos apreendidos. A substância é altamente tóxica e pode causar cegueira ou morte mesmo em pequenas quantidades. Até o momento, nenhum caso em Goiás foi confirmado, mas o alerta segue mantido.
O secretário de Saúde, Rasível Santos, informou que quatro casos suspeitos estão sob investigação. Uma jovem de 25 anos, de Itapaci, está internada em Uruaçu e foi a única paciente que recebeu o antídoto. Ela apresentou melhora e está em desmame ventilatório. Outro caso é de um homem de 47 anos, de Padre Bernardo, transferido para o Distrito Federal, onde teve morte encefálica confirmada. “Os sintomas são parecidos com embriaguez comum, mas quando há vômitos intensos e dor abdominal forte, pode se tratar de intoxicação por metanol”, explicou Rasível.
O Estado recebeu 12 ampolas do antídoto e aguarda mais 50, que devem chegar nos próximos dias. “O tratamento é feito com etanol farmacêutico, e o uso precisa ser rápido. Por isso mantemos uma reserva técnica”, completou o secretário.
As irregularidades encontradas foram numerosas. Segundo o superintendente do Procon Goiás, Marcos Palmerston, 43% dos locais fiscalizados foram autuados. “Encontramos bebidas adulteradas, falsificadas e até vencidas há muitos anos. Os responsáveis responderão a processo administrativo e podem ser multados, ter o alvará cassado e o estabelecimento fechado”, afirmou.
O Procon reforçou o alerta aos consumidores. “É importante olhar o rótulo e o selo das garrafas. Toda bebida industrializada precisa ter o selo de controle do Ministério da Agricultura. Se o líquido estiver com cor, cheiro ou gosto diferente do normal, não consuma”, orientou Palmerston.
Nesta terça-feira (7), houve uma reunião entre representantes das secretarias de Segurança Pública e Saúde para definir os próximos passos da operação. A segunda fase da força-tarefa começa nesta quarta-feira (8) e será ampliada para o interior do estado, com foco em cidades de médio e grande porte. “A primeira fase foi um sucesso, mas é preciso avançar. Vamos seguir com o trabalho e manter o elemento surpresa”, disse o secretário de Segurança Pública, Renato Brum dos Santos.
A subsecretária de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, informou que o Ministério da Agricultura será acionado para auxiliar nas investigações. “É fundamental acompanhar toda a cadeia de produção, desde a fabricação até a venda, para identificar onde está o problema e evitar novos casos”, explicou.
Enquanto os resultados das análises não ficam prontos, o alerta continua. As autoridades pedem que a população evite bebidas sem procedência clara ou vendidas em locais improvisados. “Se o preço for muito abaixo do normal, desconfie. O barato pode custar caro. A recomendação é simples: só compre bebidas de marcas conhecidas e de estabelecimentos de confiança”, reforçou Flúvia.
A força-tarefa segue nos próximos dias com apoio da Polícia Civil, Polícia Militar, Procon, Vigilância Sanitária e equipes de saúde. Novas ações serão realizadas em bares, restaurantes e boates da capital e de cidades do interior.

Foto: Marco Monteiro
Casos suspeitos de intoxicação por metanol estão em investigação em Goiás
Goiás possui, até o momento, cinco notificações de casos suspeitos de intoxicação por metanol, sendo que dois já foram descartados, o caso de Bom Jesus e Senador Canedo. Os três casos que seguem em investigação são de Itapaci (paciente está internada em Uruaçu), Formosa e Padre Bernardo.
A paciente de Itapaci, uma jovem de 25 anos, está internada em Uruaçu e foi a única a receber o antídoto específico. Segundo a Secretaria de Saúde, ela apresentou melhora e respira sem a ajuda de aparelhos. Em Padre Bernardo, um homem de 47 anos foi transferido para o Distrito Federal, mas teve morte encefálica confirmada.
Em Formosa, um jovem de 20 anos foi internado após beber em uma festa, mas recebeu alta depois da hidratação. Já a paciente de Senador Canedo, de 18 anos, está em observação no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). O estado de saúde dela é estável.
O secretário de Saúde, Rasível Santos, informou que o Estado recebeu 12 ampolas do antídoto e aguarda o envio de mais 50. “O tratamento é feito com etanol farmacêutico e deve ser iniciado o quanto antes, por isso mantemos estoque de reserva”, disse.
O secretário da Saúde, Rasível Santos, destacou que todos os casos suspeitos estão recebendo acompanhamento especializado pelas equipes da secretaria. “Estamos monitorando de forma contínua a evolução dos pacientes e trabalhando para garantir a recuperação completa de cada um deles. Em alguns casos, ainda aguardamos o resultado dos exames laboratoriais para confirmar ou descartar a contaminação por metanol”, explicou.
O governo estadual também notificou o Ministério da Saúde sobre os casos e reforçou o alerta para que a população evite bebidas sem procedência. “Essas ocorrências mostram que a fiscalização precisa continuar e que cada pessoa deve ficar atenta ao que consome”, afirmou o secretário.
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