Do interior do Rio Grande do Norte ao topo da música brasileira
Artista ultrapassa 2 mil músicas escritas, 400 gravações e aposta em mentorias autorais
Na última segunda-feira (6), o podcast Manda Vê, apresentado por Juan Allaesse, recebeu o Vine Show. O compositor, que se consolidou como um dos nomes mais gravados da música popular recente, falou sobre o início da carreira no interior do Rio Grande do Norte, a experiência nos palcos e a escolha de apostar na composição como centro da vida profissional.
Natural de Almino Afonso, município de pouco mais de cinco mil habitantes, Vine Show começou a se apresentar ainda adolescente, após ganhar de presente da avó um teclado. A música se tornou presença constante em encontros da Igreja Católica e em bares da região. Aos 12 anos, já escrevia letras próprias; aos 17, passou a integrar bandas profissionais de forró. Foram oito anos de estrada, mais de 5 mil horas de palco e shows que reuniram cerca de 1 milhão de pessoas.
O salto veio em Fortaleza, quando foi indicado para uma banda apadrinhada por Xand Avião e Raí, da Saia Rodada. A mudança consolidou a escolha pela carreira artística, mesmo diante da resistência inicial da família. O apoio do pai foi decisivo para que aceitasse o desafio.
A visibilidade como cantor abriu portas, mas foi a composição que colocou seu nome em evidência. Nos últimos seis anos, Vine Show dedicou mais de 9 mil horas à escrita, além de 700 horas de audição e curadoria de repertório. O resultado foi um acervo de mais de 2 mil músicas, das quais 400 foram gravadas. Pelo menos 30 dessas canções se transformaram em sucessos nacionais, registrando milhões de execuções.
As obras de Vine foram gravadas por artistas que ocupam o centro da cena brasileira: Marília Mendonça, Henrique & Juliano, Gusttavo Lima, Wesley Safadão, Zé Neto & Cristiano, Maiara & Maraisa, Sorriso Maroto e Turma do Pagode. No ambiente digital, os números reforçam a escala: são mais de 2 bilhões de visualizações no YouTube e 1 bilhão de execuções em plataformas de streaming.
Com o reconhecimento como compositor, ele passou a investir em uma nova frente: a profissionalização da autoria. O artista reivindica para si o título de primeiro mentor autoral do mundo e desenvolveu métodos próprios de capacitação. A iniciativa reúne ferramentas inéditas, fundamentadas em mais de 40 livros e em estudos de neurociência, programação neurolinguística e física quântica.
Os treinamentos abrangem desde inteligência emocional até estratégias de negociação, comunicação e gestão de carreira. O objetivo não é ensinar a compor, mas oferecer instrumentos para que compositores transformem a produção em resultado competitivo. O princípio aparece resumido em uma equação: dom, persistência e criatividade. Essa fórmula orienta também as mais de 100 horas de palestras que já realizou em diferentes estados do país.
Além da escrita e da formação, ele administra a própria carreira com perfil empresarial. É proprietário de uma editora, de um escritório de mídias digitais e de um escritório artístico. A independência, afirma, permite não apenas gerir o próprio repertório, mas também reforçar a ideia de que o compositor pode ocupar papel central na indústria, e não apenas figurar como bastidor.
No Manda Vê, ao comentar a mudança de foco dos palcos para a escrita, reconheceu que a estrada foi formativa, mas também exaustiva. O cotidiano de viagens deu lugar ao trabalho de bastidores, que lhe ofereceu continuidade e amplitude. Hoje, suas músicas circulam entre intérpretes consagrados e, ao mesmo tempo, suas mentorias atraem novos autores interessados em compreender o mercado.
Agora, prepara uma turnê de palestras pelo Brasil e anuncia um novo projeto musical digital, em parceria com agregadores, que terá lançamento na próxima semana. O trabalho, batizado Você Sabia Que Essa É Minha, será dividido em três EPs e funcionará como introdução ao álbum Intencional, previsto para os próximos meses. A iniciativa, explica, serve tanto para testar métodos quanto para reafirmar sua presença como artista.
Leia mais: https://ohoje.com/2025/10/02/rigamontti-transforma-rotina-em-refroes-que-marcaram-o-sertanejo/