Osteoporose afeta 10 milhões de brasileiros e expõe falhas na prevenção
Doença associada a fraturas graves e alta mortalidade, tem atenção redobrada nesta segunda-feira (20), Dia Mundial e Nacional da Osteoporose
A osteoporose avança no Brasil em ritmo alarmante. Estima-se que 10 milhões de pessoas convivam com a doença, mas apenas 20% delas receberam diagnóstico. O impacto é brutal: cerca de 200 mil mortes por ano estão ligadas a complicações decorrentes de fraturas, sobretudo no quadril.
Nesta segunda-feira (20), Dia Mundial e Nacional da Osteoporose, especialistas reforçam que a prevenção não começa na velhice, mas ainda na infância. “A formação dos ossos ocorre principalmente na infância e adolescência e a reserva de massa óssea adquirida nessa fase será determinante para a saúde óssea ao longo da vida”, afirma a geriatra Isadora Crosara.
Degeneração inevitável, risco acelerado da osteoporose
A perda óssea é parte do envelhecimento, mas o processo pode ser retardado. Nas mulheres, a menopausa acelera a fragilidade devido à queda do estrogênio. “A osteoporose é uma redução da densidade e da microestrutura do osso, que o torna mais frágil e suscetível a fraturas. Com o envelhecimento, ocorre uma perda natural dessa massa óssea, mas hábitos saudáveis podem retardar esse processo. No caso das mulheres, a menopausa acelera essa perda devido à queda do estrogênio, hormônio que protege os ossos”, diz Crosara.
Cálcio em disputa
O papel da alimentação volta ao centro do debate. O leite, alvo recorrente de questionamentos, é apontado como uma das principais fontes de cálcio com boa absorção pelo organismo. “O leite e seus derivados são as principais fontes de cálcio na alimentação e possuem excelente absorção pelo organismo, então entra como uma boa opção para prevenção desta doença. Além disso, o alimento também fornece proteínas, que ajudam a manter a massa muscular, fundamental para a estabilidade corporal. Mesmo quem não teve bom consumo de cálcio na juventude deve manter o hábito na fase adulta ou na terceira idade, pois nunca é tarde para cuidar da saúde óssea”, afirma a médica.
A polêmica em torno do leite UHT — maioria absoluta nas prateleiras brasileiras — levou a indústria a se pronunciar. “UHT significa ‘Ultra High Temperature’, um processo que aquece o leite por poucos segundos a altas temperaturas para eliminar micro-organismos e prolongar sua conservação. Não há adição de conservantes químicos e o leite mantém cálcio, proteínas e vitaminas de forma integral. É totalmente seguro e nutritivo, podendo ser consumido diariamente por idosos como parte de uma alimentação equilibrada”, afirma Vinícius Junqueira, diretor-geral da Marajoara Laticínios.
Sol, exercício e autonomia ameaçada
A médica ressalta que dieta isolada não basta. Exposição solar e prática de atividade física regular são determinantes. Caminhada, pilates, musculação e dança figuram entre as práticas mais eficazes.
“As fraturas de fêmur, comuns em idosos com osteoporose, elevam muito a mortalidade e podem causar perda definitiva de autonomia. Por isso, prevenir é sempre o melhor caminho”, reforça Crosara.
A osteoporose só dá sinais quando o estrago já está feito. O desafio é romper o silêncio da doença antes que ele se traduza em quedas, internações e dependência permanente.
