O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

domingo, 14 de dezembro de 2025
NEGOCIOS

Goiás amplia produção de leite em 7,6% e reforça liderança no agronegócio

Com mais de 1,15 bilhão de litros de leiteproduzidos no primeiro semestre, estado mantém destaque nacional

Otavio Augustopor Otavio Augusto em 25 de outubro de 2025
Laticinios Foto Embrapa
Em meio ao aumento da oferta, Goiás exportou US$ 93,7 mil em leite. Foto: Divulgação

A cadeia produtiva do leite em Goiás vive um momento de expansão, mas também de cautela. O setor vem apresentando indicadores sólidos de crescimento, impulsionados pela tecnologia, genética e eficiência produtiva. De acordo com o informativo Agro em Dados, da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o Estado produziu cerca de 1,15 bilhão de litros de leite no primeiro semestre de 2025, o que representa um aumento de 7,6% em relação ao mesmo período de 2024. No cenário nacional, a produção foi de aproximadamente 13 bilhões de litros, com alta de 6,9%, consolidando Goiás entre os três maiores produtores do país.

Produção cresce, mas preços ao produtor sofrem pressão

O aumento da oferta trouxe efeitos imediatos sobre os preços pagos ao produtor. Segundo dados do Cepea/Esalq, o valor médio do litro de leite em Goiás foi de R$ 2,54 em julho de 2025, após registrar quedas sucessivas nos meses anteriores. O avanço da produção, combinado à demanda doméstica ainda moderada, resultou em pressão sobre as margens e maior necessidade de controle de custos.
O boletim da Seapa alerta que o cenário exige gestão mais rigorosa dos insumos e das práticas produtivas. Custos com ração, energia e mão de obra continuam pesando no orçamento das fazendas, e a eficiência operacional tornou-se essencial para garantir rentabilidade. “O crescimento da captação reforça a importância de estratégias voltadas à eficiência dos custos de produção”, destaca o informativo.

leite
Goiás aposta em leite A2A2 e inovação para sustentar crescimento. Foto: Divulgação

Comércio exterior ainda deficitário

Mesmo com o bom desempenho interno, o comércio exterior de lácteos segue como um dos principais desafios do setor. Em agosto de 2025, as exportações brasileiras somaram US$ 7,3 milhões, enquanto as importações ultrapassaram US$ 79 milhões, ampliando o déficit da balança. No caso de Goiás, as exportações chegaram a US$ 93,7 mil, contra US$ 452,4 mil em importações, revelando uma diferença significativa entre o valor médio por tonelada exportada (US$ 2.122,23) e importada (US$ 7.250,00).
A dependência de produtos importados, especialmente de leite em pó e queijos, pressiona a competitividade da cadeia local e reforça a necessidade de investimentos em industrialização e diferenciação de produtos. O governo estadual e o setor privado buscam alternativas para fortalecer a base produtiva e ampliar a presença internacional dos lácteos goianos.

Oportunidades em produtos de valor agregado do leite

Mesmo em um cenário de oscilação de preços, há nichos promissores sendo explorados por produtores e indústrias. Um deles é o leite A2A2, produzido por vacas geneticamente selecionadas que não possuem a fração A1 da proteína β-caseína — característica associada a melhor digestibilidade. O produto vem ganhando espaço em mercados de maior valor agregado, especialmente entre consumidores que buscam alimentos mais saudáveis e diferenciados.
De acordo com o Agro em Dados, esse tipo de leite representa uma oportunidade estratégica para diversificar a produção e aumentar a margem de lucro. Além do A2A2, segmentos como o leite orgânico, sustentável e artesanal também vêm se consolidando, atraindo indústrias que apostam em qualidade e diferenciação como diferencial competitivo.

Caminhos para um crescimento sustentável

O avanço de Goiás na produção de leite é inegável, mas os desafios de médio prazo permanecem. O Estado precisa ampliar a industrialização local, fortalecer a logística e estimular a integração entre produtores e cooperativas para agregar valor ao produto final. O uso de tecnologias de precisão, o melhoramento genético e o manejo eficiente são elementos-chave para garantir produtividade e reduzir custos.
A bovinocultura leiteira está presente em todos os municípios goianos e é uma das principais fontes de renda de pequenos e médios produtores. No entanto, transformar volume em rentabilidade depende de políticas de estímulo à inovação, acesso a crédito e estabilidade de preços. O futuro do setor passa por um tripé essencial: escala, qualidade e eficiência.
Se bem administrado, o crescimento atual pode colocar Goiás em um novo patamar competitivo, com capacidade não apenas de abastecer o mercado interno, mas de reduzir o déficit comercial e abrir portas para exportações de produtos com maior valor agregado.

Siga o Canal do Jornal O Hoje e receba as principais notícias do dia direto no seu WhatsApp! Canal do Jornal O Hoje.
Tags:
Veja também