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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
onda verde

“Onda Verde” promete fluidez em Goiânia, mas avanço ainda é limitado

Implantada a Onda Verde em apenas cinco dos 36 corredores previstos, especialistas apontam falta de estrutura técnica e planejamento para expansão do projeto

Anna Salgadopor Anna Salgado em 12 de novembro de 2025
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Sincronização semafórica reduz tempo de percurso em alguns corredores, mas motoristas ainda enfrentam lentidão nos horários de pico | Foto: Alex Malheiros

A Prefeitura de Goiânia, sob a gestão de Sandro Mabel (União Brasil), tem divulgado os resultados iniciais do sistema de sincronização semafórica “Onda Verde”, destacando melhorias na fluidez do trânsito em alguns corredores da Capital. No entanto, análises técnicas indicam que o projeto ainda não representa uma solução ampla para os problemas de mobilidade urbana e que há limitações quanto à sua extensão e à capacidade de execução do plano.

Dados da Secretaria Municipal de Engenharia de Trânsito (SET) mostram que, no Corredor Mutirão/Castelo Branco, com 9,6 km de extensão, o tempo de percurso foi reduzido em 30,5% graças a onda verde. A média de viagem pela manhã, antes de 36 minutos, passou para 25 minutos, o que representa economia de 11 minutos e aumento da velocidade média de 16,4 km/h para 22,8 km/h. 

O secretário Tarcísio Abreu associa esses resultados ao Programa de Desobstrução de Vias Arteriais, que incluiu a ampliação da pista da Avenida Castelo Branco, reorganização do espaço urbano, adequações geométricas e implantação da sincronia semafórica. A retirada parcial do canteiro central e a proibição de estacionamento em um trecho de pouco mais de um quilômetro, entre as praças Walter Santos e Ciro Lisita, também contribuíram. Segundo a secretaria, a reprogramação dos semáforos com a onda verde reduziu o tempo de espera de três para dois tempos, o que favoreceu o fluxo contínuo.

Até o momento, a Onda Verde foi implantada em cinco corredores: Avenidas 24 de Outubro, 85, Castelo Branco, Jamel Cecílio/136 e Universitária. A previsão para a Avenida 85 é de ganho de fluidez de até 35%, com medições iniciais indicando melhora média de 28% no tempo de deslocamento nos horários de pico. Mabel afirma que a sincronização semafórica reduz congestionamentos, tempo de deslocamento, consumo de combustível e riscos de acidentes.

Apesar dos resultados da onda verde, o número de vias contempladas é menor que o previsto no Plano Nova Mobilidade, que propõe a reestruturação de 36 corredores de grande circulação. Com mais de 1,3 milhão de veículos registrados em Goiânia, o ritmo de implantação levanta dúvidas sobre a capacidade da administração de expandir o sistema para toda a cidade.

O especialista em trânsito Marcos Rothen considera que o uso de tecnologia na gestão de tráfego é importante, mas depende de equipes qualificadas e de monitoramento constante. Ele explica que os sistemas modernos permitem analisar o fluxo de veículos em tempo real, substituindo métodos antigos que exigiam obras demoradas. 

“É importante destacar que a IA cada vez mais diminuirá a necessidade do trabalho das pessoas, mas sempre será necessário que o gerenciamento seja feito por pessoas com elevada qualificação”, afirma. Para ele, o aperfeiçoamento técnico é permanente: “O que aprendemos no passado é importante, mas não é suficiente.”

Rothen destaca ainda que a análise em tempo real permite ajustar o tempo dos semáforos conforme a demanda das vias, incluindo travessias de pedestres. Segundo ele, “quanto mais próximo do tempo real for a atuação dos equipamentos, melhor será feita a distribuição”. O especialista avalia que o sistema só é eficiente quando há gestão qualificada e acompanhamento contínuo.

O secretário Tarcísio Abreu afirmou que os trabalhos para a onda verde continuam em outros corredores e que o próximo eixo a receber o sistema seria a Avenida 85, embora haja registros de que a via já havia sido inaugurada em 23 de outubro. A meta anunciada continua sendo a revitalização de 36 corredores, mas sem cronograma divulgado para as áreas com maiores problemas de tráfego.

O prefeito goiano já declarou, em outros programas da gestão, que busca uma cidade mais organizada e segura. Para isso, especialistas apontam que é necessário ampliar o planejamento e garantir transparência na execução das medidas de mobilidade. A sincronização semafórica é uma iniciativa relevante, mas aplicada de forma restrita ainda não resolve as dificuldades estruturais do trânsito em Goiânia.

A ausência de um plano detalhado para corredores como a Perimetral Norte mostra que o projeto ainda está em fase inicial. A Onda Verde contempla cinco dos 36 corredores previstos, e sua expansão depende de maior estrutura técnica e cronograma definido para alcançar toda a cidade. 

Na visão de Rothen, a prefeitura também precisa olhar além das regiões mais centrais. “Goiânia precisa cuidar das avenidas que ficam fora da zona sul. Em outras áreas tem muitos problemas de planejamento do trânsito e não são cuidadas. Por exemplo, a Padre Wendel, a Avenida Perimetral, aquela em frente ao Crer, alguns acessos à Marginal.”

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