Perfumes deixam de ser luxo e viram hábito de consumo em 65% dos lares brasileiros
Mercado de perfumes avança 17% e consolida o Brasil entre os maiores do mundo
O mercado brasileiro de perfumes vive um momento de expansão. Nos 12 meses encerrados em julho, o setor registrou aumento de 17% nas unidades vendidas e movimentou cerca de R$ 18 bilhões, segundo dados da Kantar. O crescimento é atribuído à retomada da vida social, ao retorno do trabalho presencial e à valorização do autocuidado, que se tornou um hábito consolidado entre os consumidores.
Perfumes deixam de ser luxo e entra na rotina
O uso de fragrâncias, antes associado ao luxo, passou a integrar o consumo cotidiano. Atualmente, cerca de 65% dos lares brasileiros incluem perfumes nas listas mensais de compras, avanço de 15% em relação ao ano anterior. A perfumaria feminina está presente em 57% das casas, crescimento de 16%, enquanto a masculina aparece em 34%, alta de 14%. A categoria infantil, porém, recuou 6%, alcançando 13% dos lares.
Esse comportamento reflete uma mudança cultural: o perfume tornou-se símbolo de identidade, cuidado pessoal e expressão individual. Mais do que um item de vaidade, ele acompanha diferentes momentos do dia e reflete estados de espírito, ocasiões e estilos de vida.
Nordeste lidera o consumo e classes populares ganham espaço
A região Nordeste lidera o consumo, respondendo por 45% do volume total de vendas. Em seguida aparecem a Grande São Paulo (12%) e o interior paulista (9%). Por faixa de renda, as classes D e E concentram 27% do consumo, seguidas pela classe C2 (26%) e pelas classes A e B (24%). O dado revela uma democratização do acesso ao produto e reforça o papel das marcas nacionais em oferecer linhas diversificadas e acessíveis.
O movimento também evidencia a força das regiões fora do eixo Sudeste, onde o consumo cresce impulsionado por fatores culturais e econômicos, como o fortalecimento do comércio local e a expansão das vendas diretas.

Canais digitais impulsionam o setor
A comercialização direta ainda responde por 35% das vendas totais, mas o destaque recente é o avanço do comércio digital. O setor registrou alta de 15% no faturamento online, impulsionado principalmente pelas vendas via WhatsApp, que cresceram 51%, seguidas pelo e-commerce tradicional, com alta de 16%, e aplicativos, com 6%.
As vendas físicas, por outro lado, mantêm papel relevante como vitrine sensorial. Embora representem apenas 8% do volume total, perfumarias e lojas especializadas continuam atraindo consumidores em busca da experiência olfativa antes da compra. Essa combinação entre o físico e o digital vem moldando uma nova dinâmica de consumo no setor.

Novas tendências e perfis de fragrâncias
As marcas têm investido em portfólios mais diversificados para atender a um público cada vez mais plural. Fragrâncias sem gênero, embalagens sustentáveis e perfumes voltados a momentos específicos do dia são algumas das principais apostas. Perfumes com notas adocicadas, amadeiradas e orientais ganharam espaço, especialmente em ocasiões festivas, enquanto os cítricos e florais leves seguem como favoritos no uso diário.
Outra tendência é o crescimento das fragrâncias de nicho e unissex, que oferecem experiências exclusivas e reforçam o desejo de personalização. O consumidor atual busca perfumes que expressem identidade e autenticidade — um reflexo direto da mudança de comportamento pós-pandemia.
Perspectivas para o varejo e para o futuro
Com 33% das compras motivadas pelo desejo de presentear, o perfume segue entre as principais escolhas dos brasileiros em datas comemorativas, especialmente no Natal. A categoria combina simbolismo, utilidade e afeto, o que a torna uma das mais relevantes para o varejo de fim de ano.
A expectativa é de que o mercado mantenha trajetória de crescimento nos próximos anos, sustentado pela digitalização das vendas, pelo fortalecimento da economia nas regiões Norte e Nordeste e pela consolidação do perfume como item de bem-estar. Para os varejistas e fabricantes, o desafio será alinhar inovação, logística e sustentabilidade, atendendo a um consumidor mais exigente e conectado.
Em síntese, o perfume deixou de ser um produto de luxo para se tornar um gesto cotidiano de cuidado e personalidade. O Brasil, que há décadas figura entre os maiores mercados de fragrâncias do mundo, segue fortalecendo um setor que une tradição, emoção e oportunidade de negócio.