Turismo em Goiás impulsiona economia e Trindade se firmou como um polo que vai além da fé
O crescimento do setor turístico na cidade vai muito além do religioso: investimentos em lazer, moradia e natureza transformam Trindade em um destino estratégico para economia goiana
O turismo voltou a ganhar força em Goiás e tem contribuído para movimentar diferentes setores da economia. Entre os destinos que mais se destacam está Trindade, que consolidou seu nome nacionalmente pela fé, mas hoje avança como um polo turístico mais diversificado, com impacto direto sobre serviços, comércio e geração de renda.
Segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de atividades turísticas em Goiás cresceu 0,7% em agosto, na série com ajuste sazonal, acompanhando o ritmo nacional, que registrou alta de 0,8% no mesmo período. O desempenho goiano foi o nono maior do País.
No acumulado de 2025, o turismo em Goiás já apresenta alta de 3,1%, e em 12 meses, o crescimento chega a 5,3%. Para o presidente da Goiás Turismo, Roberto Naves, os números reforçam a consolidação do setor: “Goiás está no radar do turismo nacional. Esse crescimento mostra que nossas ações estão gerando resultados concretos e que o Estado tem potencial para ocupar um espaço ainda maior no cenário turístico brasileiro.”
Contudo, é em Trindade, cidade tradicionalmente associada à religiosidade, que esse movimento turístico ganha nova dimensão econômica. Há muito mais em jogo do que apenas peregrinações: o município abriga o maior parque aquático temático do Centro-Oeste, integrado a um grande complexo de lazer, moradia e natureza.
De acordo com José Roberto Nunes, CEO da empresa responsável, o complexo é muito mais do que uma atração de parque: “É a centralidade que conecta tudo. Nós somos um complexo de 6 condomínios, 1.885 chácaras, todo esse complexo aqui tem acesso ao Arca Parque.”
O investimento total no empreendimento soma R$ 150 milhões, distribuídos entre o parque (R$ 50 milhões) e Terra Santa (R$ 100 milhões). Segundo Nunes, o parque vem crescendo de forma consistente desde 2021, consolidando-se como um gerador de emprego: são 500 empregos diretos e 1.500 indiretos.
Além do parque aquático, a Cidade do Lazer Terra Santa reúne seis condomínios planejados, todos com acesso às atrações do parque, por sua vez, oferece atividades para todos os públicos: piscinas adulto e infantil, lagos, quiosques para pesca, pedalinho, caiaque, a fazendinha que abriga animais exóticos e mini, com cavalgadas, passeios de charrete, além de contar com os novos lançamentos como Bike Boat, bar molhado, hamburgueria e um restaurante à beira do lago, com uma gastronomia sofisticada.
Outra novidade também são os painéis que celebram a arte goiana, em três pontos estratégicos do parque, as obras produzidas pelo artista trindadense Fábio Gomes, que se tornou conhecido nacional e internacionalmente, possui temática bíblica, inspirada na história da Arca de Noé.

Para José Roberto, a visão é clara: unir moradia, lazer e turismo. Ele aponta que esse modelo é pensado para atrair famílias da região, considerando cidades como Goiânia, Brasília e Anápolis, oferecendo um destino que não depende apenas de visitas de fim de semana, mas que pode gerar ocupação hoteleira, prolongar a estadia dos visitantes e fomentar novos projetos.
Trindade como polo turístico
Comparando com outros destinos goianos, ele sugere que, uma vez totalmente operante, Trindade pode alcançar o mesmo fluxo turístico que Pirenópolis, outro polo tradicional de turismo no Estado, mas com um diferencial: a capilaridade de um parque aquático que pode atrair turistas nacionais.
O cenário goiano reflete a força do turismo como vetor de desenvolvimento econômico. Com o setor crescendo bem acima da média nacional — de acordo com o IBGE, Goiás registrou alta de 15,5% nas atividades turísticas em dezembro de 2024, enquanto a média brasileira foi de 9,5%.
Nesse contexto, Trindade representa um case emblemático: não mais apenas a Capital da Fé, mas um polo multissetorial, onde o turismo religioso convive com projetos ambiciosos de lazer, moradia e preservação ambiental. É um modelo que mostra como o turismo, quando bem articulado, pode transformar a economia local, ampliar a geração de emprego e renda, e regionalizar os benefícios.