Velocidade ao comer influencia risco de obesidade, aponta estudo
Pesquisa mostra que comer devagar altera a quantidade consumida e sugere que escolas e famílias precisam rever hábitos à mesa
Pais costumam interpretar como apetite saudável quando o filho é sempre o primeiro a terminar o prato. A velocidade, porém, pode ser um alerta. Evidências indicam que a forma como se come pesa tanto quanto o conteúdo do prato e pode interferir diretamente no risco de desenvolver obesidade.
Um estudo conduzido pela Universidade Fujita Health, no Japão, traz a discussão sobre comportamento alimentar, área ainda pouco explorada em comparação ao volume de pesquisas sobre nutrientes e metabolismo. A investigação aponta que prolongar o tempo da refeição, seja por meio de mastigações mais longas ou de estímulos externos que imponham um ritmo mais lento, reduz a quantidade de comida ingerida.
O trabalho, publicado na revista Nutrients, acompanhou 33 adultos de diferentes faixas etárias. Todos foram expostos a quatro condições controladas enquanto consumiam fatias de pizza, alimento escolhido pelos pesquisadores por permitir padronização do experimento. A equipe observou a duração das refeições, o número de mastigações, a quantidade de mordidas e a cadência mastigatória.
Os dados mostram que refeições mais longas tendem a resultar em menor ingestão calórica. Mulheres permaneceram mais tempo à mesa e mastigaram mais vezes que homens, resultado interpretado pelos autores como possível reflexo de diferenças sociais e comportamentais no ato de comer. Quando submetidos ao som de um metrônomo com cerca de 40 batidas por minuto, os participantes também reduziram a velocidade das mordidas, prolongando ainda mais o tempo da refeição.
As conclusões reforçam que estratégias simples podem ajudar na prevenção da obesidade, tema central em políticas de saúde devido à sua relação com diabetes, doenças cardiovasculares e outras condições crônicas. A pesquisa destaca três ações principais para desacelerar o ato de comer: mastigar mais vezes cada porção, fazer mordidas menores e criar ambientes que favoreçam a calmaria, como músicas suaves ou estímulos rítmicos discretos.
Os pesquisadores defendem que profissionais de saúde e educadores passem a considerar o comportamento alimentar como parte das orientações de rotina. Programas de merenda escolar, exemplificam, poderiam incluir práticas que estimulem as crianças a comer de forma mais pausada, ampliando o efeito preventivo desde a infância.
LEIA MAIS: https://ohoje.com/2025/11/16/obesidade-compromete-fertilidade/