A segunda-feira foi de tensão política e vitória simbólica para o esporte amador goiano. Em sessão extraordinária híbrida, a Assembleia Legislativa derrubou o veto integral do Governo ao projeto que cria o Campeonato Goiano de Futebol de Várzea, uma demanda que vinha sendo defendida por atletas, líderes comunitários e gestores municipais. A proposta é de autoria do deputado Mauro Rubem (PT), que sempre argumentou que o futebol de várzea é um dos motores sociais mais fortes do Estado, mesmo sem status oficial.

O governador Ronaldo Caiado (UB) havia barrado integralmente a matéria após parecer da Secretaria de Esporte e Lazer, que alertou para a falta de definição sobre qual órgão teria a responsabilidade de organizar e executar o campeonato. Para o Executivo, a lacuna poderia gerar insegurança jurídica e custos não previstos. Ainda assim, a articulação política dentro da própria base governista tratou de redefinir os rumos.

Leia também: Goiás a uma vitória trazer o futebol goiano de volta à elite do futebol brasileiro

O líder do Governo, deputado Talles Barreto (UB), surpreendeu parte do plenário ao orientar o grupo aliado a votar pela derrubada do veto. Ele reconheceu que a modalidade cresceu em praticamente todas as regiões do Estado e que o reconhecimento formal pode ajudar na organização, captação de recursos e apoio institucional. O gesto evidenciou uma leitura política mais ampla: ignorar a força da várzea poderia ter custo maior do que manter o veto.

A votação secreta somou 31 votos, com 24 favoráveis à derrubada e 7 contrários. O resultado consolidou o entendimento de que o futebol de várzea não é apenas lazer, mas também política pública, inclusão e vínculo comunitário. A partir de agora, a matéria segue para promulgação e abre espaço para a estruturação de um calendário oficial, ainda a ser detalhado pelos órgãos competentes. Mesmo sem respostas prontas sobre logística, orçamento ou responsabilidades, o recado foi claro: o futebol popular ganhou força dentro do Legislativo.

Com a decisão, Goiás se junta a outros estados que já enxergam na várzea um ambiente de desenvolvimento social. O desafio agora é transformar o simbolismo da aprovação em uma competição estruturada, segura e acessível. Para as comunidades, porém, a batalha política já foi vencida: o campeonato saiu da arquibancada e entrou oficialmente em campo.