O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Manda Vê

Podcast destaca os bastidores que moldaram a carreira de Cristal

No Manda Vê, a jornalista reconstrói seu percurso, comenta desafios da profissão e fala sobre o desejo de voltar ao estúdio em 2026

Luana Avelarpor Luana Avelar em 19 de novembro de 2025
CRISTAL
Foto: Gabriel Louza/O HOJE

Na segunda-feira (17), o Manda Vê, apresentado por Juan Alaesse, colocou Cristal diante de uma circunstância incomum para quem vive da dinâmica acelerada da televisão: tempo para reconstruir a própria trajetória. A conversa revelou aquilo que normalmente escapa ao público, porque não aparece em entradas ao vivo nem em quadros editados. Sua carreira não nasceu de atalhos. Foi moldada por desvios inevitáveis, quedas que pareceram irreversíveis e decisões tomadas no improviso, sustentadas por uma disposição que antecede o primeiro crachá.

Cristal, nascida Cristiane Alves Moreira, deixou Patos de Minas ainda jovem e vive em Goiânia há vinte anos. A relação com a comunicação não surgiu como ruptura súbita, mas como retorno constante. “Sempre fui muito conversadeira. A escola sempre chamava minha mãe e falava que eu ficava conversando muito. Eu era muito participativa, comunicativa e queria algo nessa área, cantora ou atriz, mas aí me encantei na adolescência pelo jornalismo”, contou.

O desejo ganhou forma diante do Jornal Nacional no fim da noite. Fátima Bernardes, com sua postura e rigor, tornou-se referência para quem buscava no telejornalismo um caminho possível. As entradas ao vivo de Goiânia funcionavam como um lembrete de que profissionais da própria região ocupavam a tela. Essa percepção reorganizou seus planos e definiu a mudança para Goiânia para tentar o vestibular.

A primeira tentativa não se concretizou. “Prestei vestibular e não passei, aí fui fazer designer de moda, mas não era minha vibe”. A passagem seguinte, o curso de Agronegócio, também não alinhou expectativas. “Lá era 99% de conta, e eu nunca fui boa aluna, mas formei”. Antes de retomar o plano original, passou sete meses no Rio de Janeiro fazendo figuração, inclusive na novela Fina Estampa. O retorno a Goiás marcou a decisão definitiva: matriculou-se em Jornalismo e, desta vez, não desviou mais.

A carreira avançou com passos consistentes. O estágio na TV Serra Dourada abriu a porta inicial; a apresentação na Rádio Interativa consolidou a voz; as pautas na televisão aberta e as mudanças de emissora testaram sua resistência. A maternidade exigiu reorganização e fôlego, impondo a necessidade de voltar ao ar sem perder o território conquistado.

No podcast, Cristal explicou o funcionamento da cobertura de celebridades com a objetividade de quem conhece o próprio terreno. Não se trata de improviso, mas de velocidade, leitura de bastidores e checagem contínua. A segunda gravidez de Andressa Suita, disse ela, exemplifica a pressão desse tipo de apuração, marcada por versões conflitantes e negativas que chegam no limite do prazo.

A entrevista avançou para temas que escapam ao cotidiano leve do entretenimento. Cristal mencionou as mortes de Marília Mendonça, Cristiano Araújo, Leandro e dos Mamonas Assassinas, lembrando que esses episódios são difíceis de noticiar porque não permitem distância emocional. O jornalista, disse ela, precisa manter a precisão enquanto o público ainda tenta compreender a dimensão da perda.

Foi nesse ponto da entrevista que ela recuperou um episódio que, ao contrário das tragédias, lhe ofereceu um tipo raro de recompensa profissional: o encontro com Xuxa. A lembrança voltou inteira, sem esforço. “Aí que vêm as lembranças. Foi vindo na minha cabeça a Xuxa com aquelas botas brancas, as paquitas… Eu assisti ao programa chorando”. Depois da gravação, a tentativa de se manter impassível ruiu. “Ela tem um cheiro tão bom. Aí ela chegou e eu chorava de soluçar. Ela sentou do meu lado, pediu água e falou ‘é minha baixinha’. Aí fui acalmando e consegui fazer a entrevista”. O encontro se repetiu em outras duas entrevistas. Ela contou que o choro ainda aparecia, mas já sem o descontrole da primeira vez.

Quando tratou da própria demissão, o tom mudou. Cristal contou que, por alguns dias, acreditou ter chegado ao fim da linha. A sensação foi de apagamento, não apenas profissional, mas identitário. Com o distanciamento do tempo, reorganizou o que parecia ruína e entendeu o movimento como parte de um ciclo. “Uma porta se fecha, mas outras abrem”, afirmou.

Depois de usar 2025 como intervalo necessário, Cristal projeta 2026 como ano de retorno. Quer voltar ao estúdio, recuperar o ritmo de gravações e retomar a cadência que moldou sua trajetória. Para ela, não é recomeço: é continuação de uma história que nunca se interrompeu, apenas aguardou que ela voltasse com fôlego renovado.

CRISTAL
Cristal durante participação no podcast Mandave, em conversa com Juan Alaesse. Foto: Youtube

LEIA MAIS: https://ohoje.com/2025/11/12/matheus-barcelos-bastidores-da-musica/

Siga o Canal do Jornal O Hoje e receba as principais notícias do dia direto no seu WhatsApp! Canal do Jornal O Hoje.
Tags:
Veja também