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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
EDUCAÇÃO

CMEI Santos Dumont: fechamento gera revolta e denúncias de falta de diálogo

Sem diálogo e com informações divergentes, pais e funcionários reclamam da distância do CMEI que receberá as crianças, da insegurança no trajeto e da falta de respostas sobre o futuro das obras e dos servidores

Caroline Gonçalvespor Caroline Gonçalves em 19 de novembro de 2025
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Pais e servidores se sentem desamparados diante do fechamento do CMEI Santos Dumont Foto: Caroline Gonçalves

A decisão da Secretaria Municipal de Educação (SME) de fechar temporariamente o CMEI Santos Dumont gerou desconfiança e preocupação entre pais, servidores e moradores da região, com que resultasse em uma manifestação que ocorreu na última terça-feira (18). 

Na última nota oficial, a secretaria afirma que “o prédio atualmente utilizado pelo CMEI Santos Dumont, construído em estrutura de placas e com área externa que não atende de forma adequada às especificidades da Educação Infantil, passará por reforma completa”. A SME também diz que “as 47 crianças atualmente matriculadas serão transferidas para o CMEI Fabiano de Cristo, a aproximadamente 800 metros de distância, garantindo a continuidade do atendimento”.

Mas, na prática, o que a população relata é bem diferente do que está no argumento da prefeitura de Goiânia. Pais e funcionários afirmam que o número real de alunos é quase o dobro: “Eles falam que o CMEI comportava 47 alunos, só que é ao contrário, 80 alunos atualmente estudam na unidade”, relatou uma mãe que não quis se identificar

Em entrevista ao jornal O HOJE, uma servidora, que pediu para não ser identificada, descreve a situação do bairro de forma simples e direta. Para ela, o CMEI não é só uma escola: é o único serviço público da região. 

“Não tem nada além do CMEI, não tem posto de saúde. Aqui, nessa região aqui não tem nada, a única coisa que tem é o CMEI, não somos assistidos nesta região.” Ela também afirma que não seria preciso tirar as crianças do local para fazer a reforma: “Tem espaço que dá pra construir o CMEI sem tirar as crianças daqui. Tem espaço.”

A servidora ainda questiona o argumento de ampliação de vagas do CMEI: “Agora o prefeito está pregando a questão da quantidade, está aumentando a quantidade de vagas. Como ele aumenta a quantidade de vagas reduzindo aqui? O interesse dele é o quê? Privatizar, né?”.

Uma outra funcionária que trabalha no CMEI, está com medo de perder o trabalho. “Para onde vão esses profissionais? Pra onde vão esses alunos com outros profissionais, com mais alunos… E os profissionais que trabalham aqui, pra onde?” Ela ainda reforça que a reforma interna já está praticamente pronta: “Isso aqui tá pronto. As duas salas estão novas.” Mesmo assim, a possibilidade de não voltarem a trabalhar ali preocupa toda a equipe: “A gente tá aqui pra isso, pra justamente não acontecer isso. Pra ter os trabalhos garantidos. Estamos aqui protestando pra isso.”

Para as famílias, o impacto é ainda mais imediato. A SME afirma que a nova unidade fica a 800 metros de distância, mas os pais dizem que essa informação não corresponde à realidade. “Falar que é 800 metros não é, é quase 2 km… Não tem como eu ir a pé”, diz Giovana Maciel, que mora a apenas 200 metros do CMEI atual.

Outra mãe, Michelly dos Santos, reforça que o trajeto até a outra unidade é inviável: “Eu e meu filho viemos a pé até o CMEI, a gente não tem moto, carro, nada que eu possa sair da minha casa para deixar ele lá na outra unidade. Fica muito complicado. Fora a adaptação dele no CMEI Fabiano de Cristo.”

A empresária Priscila Ximenes alerta: “O principal dificultador é a travessia da GO, que no horário que a gente leva as crianças para o CMEI é um horário de muito movimento. Pra quem vai de carro é difícil, pra quem vai a pé é mais difícil ainda.” 

Ela também questiona a contradição de financiar uma reforma e, ao mesmo tempo, anunciar o fechamento: “Estamos numa reforma aqui que está construindo mais duas salas… Como que eu autorizo gastar 100 mil reais e falo que o CMEI vai fechar? É muito contraditório.” diz ela referente ao gasto da prefeitura com o espaço. 

CMEI Santos Dumont: pais denunciam falta de diálogo e distâncias maiores

A falta de diálogo é um dos pontos mais sensíveis na comparação entre o que diz a SME e o que sente a comunidade. A secretaria afirma garantir atendimento e continuidade no CMEI Fabiano de Cristo, mas pais e profissionais afirmam que foram pegos de surpresa. 

“Não tiveram diálogo nem nada”, relata uma servidora do CMEI. O vereador Fabrício Rosa (PT), reforça essa crítica: “Uma marca da gestão Sandro Mabel é a falta de diálogo. Outra é a mentira. Já vi a secretaria dizendo que aqui possui apenas 40 crianças, quando na verdade são mais de 80.”

Para a deputada Bia de Lima (PT) e presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), o caso do Santos Dumont faz parte de um cenário maior: “Fechou mais de 200 escolas. Nunca vi isso na vida. Toda vida nós lutamos pra ter escola, não fechando escola.” Além disso, a deputada afirmou que terá uma reunião com a SME hoje (19), para dialogar e tentar impedir o fechamento do CMEI.

A chefe de gabinete Ana Carola, do vereador Edward Madureira (PT) afirma: “Nós não podemos permitir que as OS assumam o nosso CMEI. Isso não pode ser permitido.” O temor é que o fechamento temporário se torne definitivo ou resulte em entrega da unidade a organizações privadas.

Procurada sobre o futuro dos servidores, sobre como o CMEI Fabiano de Cristo vai comportar mais crianças e também sobre a situação das obras no Santos Dumont, a SME enviou a mesma nota da última edição, informando que atualmente, 47 alunos estão matriculados na unidade educacional. 

Além disso, ressaltou que a estrutura física do CMEI para onde as crianças irão é muito mais adequado, tem área verde e área livre.

 

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