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sábado, 13 de dezembro de 2025
Cifra Vermelha

Esquema milionário do CV usou filhos menores e empresas fantasmas para lavagem de dinheiro em Goiás

Investigação aponta que um casal liderava o braço financeiro da facção e movimentou mais de R$ 28 milhões usando parentes, adolescentes, empresas de fachada e cobranças feitas pelo WhatsApp

Micael Silvapor Micael Silva em 19 de novembro de 2025
Comando Vermelho
Foto: Divulgação/MPGO

A Operação Cifra Vermelha revelou, nesta terça-feira (18), um esquema milionário usado pelo Comando Vermelho (CV) para lavar dinheiro em Goiás. Segundo o Ministério Público e a Polícia Militar, o grupo movimentou mais de R$ 28 milhões por meio de empresas de fachada, contas abertas em nome de parentes, amigos e até filhos menores de idade, que serviam como laranjas para receber valores do tráfico de drogas.
A investigação começou a partir de um relatório de inteligência da PM, que identificou movimentações suspeitas e enviou o material para análise aprofundada da Célula de Coordenação e Inteligência (CCI). A partir daí, os investigadores passaram a cruzar dados bancários, fiscais e telemáticos, até identificar o núcleo responsável por centralizar o dinheiro da facção.

Casal comandava o núcleo financeiro do CV

Segundo o MP, o esquema era liderado por um casal, identificado como J. e A.P., que administrava contas bancárias, criava empresas falsas e organizava toda a movimentação dos recursos. O homem já havia deixado Goiás, mas continuava dando ordens à distância, enquanto a mulher executava as operações financeiras.

Comando Vermelho
Foto: MPGO

O Tenente-Coronel Machado explicou:

“A companheira dele tinha acesso direto às contas e controlava tudo. Eles criaram uma rede de apoio para lavar o capital do tráfico.”Filhos menores, parentes e amigos usados como laranjas

Um dos pontos que mais chamou atenção dos investigadores foi o uso de filhos adolescentes e até de uma criança de 12 anos como laranjas. Os valores movimentados são incompatíveis com qualquer atividade lícita:

  • Um dos filhos recebeu R$ 882 mil em depósitos fracionados em menos de dois anos;

  • O filho mais novo movimentou R$ 628 mil em cerca de 25 meses;

  • A mãe da investigada, aposentada com salário de R$ 2,4 mil, teve R$ 1,67 milhão passando por sua conta em apenas três transações.

Machado resumiu:

“Eles usavam até os próprios filhos para receber dinheiro de traficantes do Comando Vermelho.”

Empresas de fachada e contador preso

A operação também identificou empresas criadas apenas para lavar dinheiro. Uma delas, registrada no Maranhão e supostamente dedicada ao comércio de gado, movimentou R$ 28,7 milhões em apenas dois meses — sem sede e sem atividade real.

Um contador, que auxiliava o casal criando sucessivas pessoas jurídicas, foi preso nesta fase da operação.

Depósitos em lotéricas e cobranças pelo WhatsApp

Outro detalhe descoberto pelo MP é que os pagamentos enviados pelos traficantes eram cobrados pelo WhatsApp, em um grupo chamado “Dívida Atual”. Nele, integrantes da facção pressionavam outros criminosos para fazerem depósitos nas contas indicadas.

Comando Vermelho
Foto: MPGO

A maior parte dos depósitos era feita em casas lotéricas, como forma de dificultar o rastreamento.

Entre 13 de setembro e 8 de outubro de 2024, foram identificados 43 depósitos enviados de cidades de Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro, totalizando R$ 122,2 mil.

“Goiás é um estado seguro”, diz coronel

O Tenente-Coronel Machado destacou que as forças de segurança têm atuado de forma incisiva contra as facções:

“Há uma mística de que grandes lideranças estão vindo para Goiás, mas isso não é verdade. O estado é seguro. Muitas dessas lideranças já foram expulsas daqui pela nossa atuação.”

Números da Operação Cifra Vermelha

A ação, considerada uma das maiores já realizadas contra o braço financeiro do Comando Vermelho, cumpriu:

  • 89 mandados de prisão

  • 88 mandados de busca e apreensão

  • 6 prisões em flagrante

  • 3 armas apreendidas

  • 4 veículos apreendidos

  • bloqueio de mais de R$ 28 milhões em bens e valores

MP diz que novas fases devem ocorrer

Apesar das prisões e bloqueios, o Ministério Público afirma que as investigações continuam e que novos braços do esquema estão surgindo.

“Quando analisamos os dados, sempre aparece um novo elo. A Cifra Vermelha é apenas a primeira fase do combate ao Comando Vermelho em Goiás.”

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