“Parassocial” é eleita como a palavra do ano do Dicionário de Cambridge
Termo ganhou força com influenciadores, celebridades e até IAs
O Dicionário de Cambridge escolheu “parassocial” como a Palavra do Ano de 2025, e não é por acaso. O termo, que até pouco tempo vivia mais nos estudos de comunicação, explodiu de vez no vocabulário das redes sociais — e define aquela sensação de “intimidade” que muita gente acredita ter com celebridades, influenciadores e até inteligências artificiais, mesmo sem existir uma relação real entre as partes.
Segundo Cambridge, as buscas pelo termo cresceram tanto ao longo do ano que ele se tornou um dos mais pesquisados do site. Um dos motivos é a cantora Taylor Swift, que inclusive, é citada pela publicação como um dos motivos que explicam um pico de buscas pelo termo em agosto. “A cobertura global da forma como Taylor Swift anunciou seu noivado com Travis Kelce fez com que as buscas pelo termo ‘parassocial’ disparassem, enquanto a mídia analisava as reações dos fãs. Postagens de fãs diziam “Não estou sendo parassocial sobre isso” e falavam sobre “uma Swiftie sendo parassocial por dez minutos seguidos”.
Definição de parassocial
A definição adotada pelo dicionário descreve uma “conexão que alguém sente com uma pessoa famosa, um personagem fictício ou até uma IA — mesmo sem haver convivência ou vínculo verdadeiro”. É o tipo de relação que faz alguém afirmar que “conhece” uma cantora, streamer ou criador de conteúdo que nunca viu essa pessoa na vida.
A escolha também reflete o momento cultural: nunca estivemos tão próximos — ou achamos que estamos — de gente famosa. Com lives diárias, posts íntimos e interações diretas nas redes, o público sente que faz parte da rotina dessas figuras. Do outro lado, criadores de conteúdo muitas vezes alimentam justamente esse tipo de proximidade para fortalecer engajamento e comunidade. O resultado é uma fronteira emocional cada vez mais difusa.

O fenômeno não é novo: o termo “relação parassocial” foi criado em 1956 pelos sociólogos Donald Horton e Richard Wohl, que perceberam como apresentadores de TV já despertavam esse tipo de vínculo no público. A diferença é que, agora, a exposição é 24 horas por dia — e com um número muito maior de figuras públicas, além da presença crescente das inteligências artificiais conversacionais, que reforçam a impressão de reciprocidade.
Relação parassocial
Um dos motivos para o interesse atual no termo é justamente o desconforto que ele gera. A relação parassocial pode ser inofensiva, como torcer por um artista favorito, mas também pode levar a expectativas irreais, frustrações profundas e até comportamentos de dependência emocional. Por isso, muitos especialistas defendem mais consciência sobre como esse tipo de vínculo se forma e se intensifica nas redes.
Ao anunciar “parassocial” como Palavra do Ano, o Cambridge destaca a importância de olhar para os efeitos das relações digitais — e lembrar que nem toda sensação de proximidade é, de fato, uma relação real. Em tempos de influenciadores gigantes, fãs dedicados e IAs cada vez mais presentes no cotidiano, a palavra resume bem o espírito de 2025.
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