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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Executivo de Futebol

Felipe Albuquerque, o goiano que conquistou o Brasil

Goiano de origem, Felipe Albuquerque fala sobre mercado, gestão, desafios e o futuro do futebol com a visão de quem aprendeu o país pelos clubes

Herbert Alencarpor Herbert Alencar em 20 de novembro de 2025
Felipe
Foto: Divulgação

Felipe Albuquerque já viu o futebol brasileiro de todos os ângulos possíveis. Viu o norte fervendo com Paysandu e Remo, viu o sul competitivo, viu o peso do Sport na elite e viu o coração do centro-oeste no Vila Nova, onde tudo começou. Aos 39 anos, completando uma década como executivo de futebol, ele resume sua trajetória com uma palavra: coragem. “Acho que meu diferencial foi realmente ter tido coragem”, afirma. Foi essa decisão — de sair da segurança do Vila Nova e se lançar no mercado nacional — que transformou sua carreira e o colocou entre os diretores mais rodados da nova geração.

Sua história no futebol começa em 2009, ainda em Goiânia, onde ocupou cargos estatutários no Vila antes de trilhar o caminho da profissionalização. A virada veio quando recebeu o convite do Paysandu. “Ali eu entendi que me tornei profissional de mercado”, revela. No Papão, conquistou a Copa Verde e abriu portas para novas experiências — Barra-SC, Sport Recife, Botafogo-PB e um retorno ao próprio Paysandu — sempre aceitando desafios em realidades completamente diferentes.

Felipe afirma que essa circulação pelo país mudou sua visão de futebol. Ele percebeu que, embora cada região tenha sua cultura, seus sotaques e suas torcidas, a base do trabalho é sempre a mesma: orçamento, diagnóstico e gestão de pessoas. “Já trabalhei no norte, nordeste, sul, centro-oeste… e posso te dizer: existe muita proximidade entre os clubes. No fundo, todos estamos sempre gerindo recursos e gente em busca de um objetivo: conquistar títulos.”

A profissionalização foi outro divisor de águas. Formado pela CBF Academy, pós-graduado, integrante da ABEX e constantemente envolvido em cursos e fóruns, Felipe ressalta que estudo não apenas qualifica, como acelera a adaptação: “Quando você se capacita e chega no clube, já sabe onde pode atacar. Consegue fazer o diagnóstico mais rápido possível.”

O futebol que está mudando

Felipe observa que o mercado está prestes a passar por uma transformação profunda com o Fair Play Financeiro, que deve ser regulamentado em breve. Para ele, os clubes precisarão rever métodos e implantar gestões mais sólidas, algo que historicamente esbarra em um problema estrutural: o tempo. “A grande dificuldade no futebol é o pouco tempo de trabalho. Na administração de um hospital, de um jornal, de uma empresa, você tem ciclos longos. No futebol, duas vezes por semana você é julgado como se fosse final de mês.”

Ele cita o caso de Anderson Barros, no Palmeiras, como exemplo de como a continuidade pode fazer diferença. “Longevidade é muito importante para a gestão. Quando há continuidade, o trabalho aparece.”

Torcida, pressão e paixão

Felipe rodou o país e viu torcidas completamente diferentes — ou nem tanto. No Paysandu, conheceu uma massa que vive o clube 24 horas por dia. No Botafogo-PB, mais uma torcida apaixonada. No Sport, mesmo durante a pandemia, percebeu o peso cultural da instituição. E no Vila, onde cresceu profissionalmente, viu como um clube pode moldar uma carreira. “O que tem em comum é isso: torcedores apaixonados. E quando você se torna profissional, trabalha onde estiver defendendo o seu sustento e o resultado do seu trabalho.”

Pronto para voltar ao protagonismo

Perguntado sobre o cenário atual do futebol goiano, Felipe não hesita: está mais profissional e mais estruturado que há dez anos. Mesmo lamentando que Goiás, Vila Nova e Atlético-GO não tenham aparecido na Série A em 2024, ele ressalta que o estado segue competitivo. “Temos clubes brigando em cima na Série B e times como Anápolis e Aparecidense crescendo. O futebol goiano está em boas mãos. Bem gerido, pode voltar a ser protagonista.”

Para ele, um eventual acesso do Goiás neste ano pode marcar simbolicamente a retomada do protagonismo estadual. “O retorno do Goiás à Série A é muito importante para mensurar esse momento. Quanto mais clubes competitivos, melhor para todos.”

O futuro e a inevitável dança das cadeiras

Com a temporada se encaminhando para o fim, e atualmente livre no mercado, Felipe é direto ao falar sobre o mercado. “Vai ter uma dança das cadeiras”, resume. Diretores trocando clubes, projetos sendo reorganizados, times caindo, outros subindo — uma reorganização natural do final de ano. “Vamos entender as oportunidades e tentar fazer a melhor escolha possível.”

Mesmo com uma década de carreira, Felipe não esconde que pensa alto. “Tenho ambições: quero disputar uma Série A, uma Sul-Americana, uma Libertadores. Tenho que estar preparado para todos os cenários.”

De um jovem diretor no Vila Nova a um executivo que conhece o futebol brasileiro de norte a sul, Felipe Albuquerque se consolida como um dos nomes mais preparados da nova geração — um profissional que acredita que gestão, processo e estudo também ganham campeonatos, mesmo em um país onde tudo muda entre quarta e domingo.

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