Goiás pede desculpas e começa planejar 2026
Goiás publica nota lamentando a campanha, admite frustração e inicia oficialmente o planejamento para 2026 após encerrar uma das temporadas mais decepcionantes de sua história
O Goiás viveu um dos capítulos mais dolorosos de sua história recente. Após perder por 3 a 1 para o Remo, em Belém, e desperdiçar a chance de voltar à Série A, o clube que entrou na rodada final dependendo apenas de si encerra a temporada acumulando erros, frustrações e um vexame que repercute dentro e fora da Serrinha. A derrota provocou reações imediatas: em publicação nas redes sociais, o Goiás pediu desculpas à torcida, reconheceu a “dor, a frustração e a sensação de que o acesso escapou por entre os dedos” e afirmou que começa, a partir de agora, um processo de “mudança, reconstrução e evolução” para tentar recolocar o clube no caminho certo em 2026.
Silêncio interno e ausência de liderança
O discurso, porém, aparece isolado. Apenas o goleiro Tadeu e o volante Juninho se pronunciaram após o fracasso; nenhum dirigente falou publicamente. Enquanto isso, o elenco recebeu liberação de férias na segunda-feira (24) e só retorna no fim do ano para iniciar a pré-temporada do Campeonato Goiano.
A queda não foi obra de um único jogo, mas o desfecho de um enredo que se arrastou ao longo de 2025. Pela primeira vez em mais de uma década, o líder do primeiro turno da Série B não conseguiu o acesso. O Goiás terminou a metade inicial do campeonato na primeira colocação, com 37 pontos, dois a mais que o Coritiba e sete acima do Remo — que viria a ultrapassá-lo justamente na última rodada. No returno, o desempenho despencou: apenas 24 pontos conquistados e um amargo sexto lugar ao final da competição.
Tadeu assume culpa — e cobra o elenco
Dentro de campo, a autocrítica mais dura veio de Tadeu, que admitiu vergonha pelo resultado e assumiu parte da responsabilidade. O capitão cobrou postura coletiva: “É muito fácil apontar para mim porque estou há mais tempo no clube, mas todos precisam assumir suas responsabilidades. O sentimento é de vergonha. Agora é aguentar as consequências e as críticas merecidas”.
Leia também: Goiás perde por 3 a 1, e encerra participação da Série B de forma vergonhosa
O técnico Fábio Carille, contratado para as últimas seis rodadas, também reconheceu que o time não fez por merecer. O treinador afirmou ter interesse em permanecer para o planejamento de 2026, mas admitiu que o acesso foi perdido pelo conjunto de erros: “Temos que ser verdadeiros. Não fizemos por merecer. Muitas coisas boas aconteceram, mas também muitas ruins. O clube precisa planejar melhor o próximo ano”.
Fracasso esportivo — e financeiro
A temporada alviverde, de fato, é para ser esquecida. Eliminado na semifinal do Campeonato Goiano pelo Vila Nova, derrotado na decisão da Copa Verde diante do Paysandu e sexto colocado na Série B, o Goiás não alcançou nenhum dos objetivos traçados — mesmo com investimentos pesados. O clube gastou mais do que nunca na história da Segundona e ofereceu premiação recorde pelo acesso: R$ 3 milhões no início, R$ 5 milhões no returno e até R$ 10 milhões na reta final. Ainda assim, o retorno foi nulo. Sem resultados, o caixa derreteu, e foi necessário recorrer a um empréstimo de R$ 25 milhões para fechar o ano e ter condições mínimas de iniciar 2026.
A temporada expôs também falhas internas graves. A contratação do diretor Lucas Andrino — sem experiência em clubes do porte do Goiás — e a montagem de um elenco caro e limitado resultaram em uma sequência de equívocos. Mesmo quando o time liderava a competição, já dava sinais de desgaste, mas as decisões da direção não corrigiram o rumo. O Goiás gastou mais de R$ 100 milhões entre salários, estrutura e contratações, mas colecionou eliminações e, por fim, o fracasso na Série B. A responsabilidade, como apontado por analistas e torcedores, recai sobre o Conselho Deliberativo e o Conselho Administrativo.
2026 começa sob pressão
Agora, o clima é de apreensão. Sem o mesmo poder financeiro dos últimos anos e com a necessidade de reformular o elenco, o clube inicia 2026 pressionado por sua própria história. De positivo, fica apenas a confirmação da vaga na Copa do Brasil devido à ampliação do torneio — um alívio pequeno para uma instituição que vive um de seus piores momentos.
O tom de reconstrução prometido nas redes sociais precisará, pela primeira vez em muito tempo, ser seguido por ações concretas. Para um Goiás que derreteu após liderar com folga o primeiro turno, errou nas decisões e caiu no momento crucial, 2026 começa cercado de dúvidas — e com a cobrança de uma torcida que já não aceita novos tropeços.