Trump fala em “grande progresso” sobre Plano de Paz para Ucrânia
Zelensky diz que momento é crítico e cita impasse territorial após reunião com EUA e Europa em Genebra
As negociações realizadas no fim de semana em Genebra, sobre o plano de paz apresentado pelos Estados Unidos, abriram uma nova fase nos esforços internacionais para encerrar a guerra na Ucrânia. O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (24) que houve “grande progresso” nas conversas e sugeriu que mudanças relevantes foram feitas após o encontro entre autoridades norte-americanas, ucranianas e representantes europeus. Em publicação na Truth Social, o norte-americano afirmou que pode haver sinais positivos no processo e mencionou que algo “bom talvez esteja acontecendo”.
A avaliação de Trump foi acompanhada por manifestações de líderes europeus e ucranianos. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que a reunião do fim de semana permitiu discutir “pontos extremamente delicados” com representantes dos EUA e relatou que “passos importantes” foram alcançados, embora tenha ressaltado que ainda há um longo caminho até o fim do conflito. Em discurso ao parlamento da Suécia, o líder ucraniano classificou o momento como crítico e afirmou que a discussão sobre território continua sendo o principal impasse. Segundo ele, Moscou exige a anexação da região de Donbass como condição para interromper a guerra.

Zelensky afirmou que Vladimir Putin busca o “reconhecimento legal do que roubou” e quer romper o princípio de integridade territorial, o que, segundo ele, criaria um precedente perigoso. O líder ucraniano também reforçou que a Rússia deve arcar com os custos da guerra.
Do lado norte-americano, o secretário de Estado, Marco Rubio, declarou que houve um “progresso tremendo” na rodada de Genebra e descreveu a proposta de paz dos EUA, composta por 28 pontos, como um “documento vivo e em evolução”. A Casa Branca informou que as conversas produziram uma estrutura de paz “atualizada e aprimorada”, sem divulgar detalhes adicionais. As negociações foram desencadeadas pelo ultimato de Trump para que Zelensky aceitasse o plano até quinta-feira (27).
Proposta de Trump não satisfaz Europa
A proposta original de Washington gerou reação de aliados europeus após ser vazada na semana passada, por incluir concessões consideradas favoráveis à Rússia, como o reconhecimento de áreas ocupadas por tropas russas e limites ao tamanho das Forças Armadas ucranianas. Em resposta, países europeus elaboraram uma contraproposta de 24 pontos para reduzir concessões territoriais e manter condições de defesa da Ucrânia. Nesta segunda-feira, a Alemanha afirmou que a cláusula que vetava a entrada ucraniana na Otan foi retirada.
O Kremlin afirmou que a contraproposta da Europa não funciona para a Rússia. “O plano europeu, à primeira vista… é completamente não construtivo e não funciona para nós”, afirmou o assessor de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov.

Governos europeus reforçaram que pretendem ter papel mais ativo no processo. O ministro alemão Johann Wadephul avaliou que o encontro representou um “sucesso decisivo” para a posição europeia, enquanto o chanceler Merz afirmou que Trump demonstrou abertura ao plano desenvolvido em parceria com Kiev.
A presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen, declarou que existe agora uma base sólida para avançar nas discussões, reiterando a necessidade de preservar a soberania e integridade territorial da Ucrânia. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, afirmou que nenhum acordo pode colocar em risco a segurança europeia. Já a ministra sueca Maria Stenergard disse que as fronteiras não podem ser alteradas pela força e defendeu que o Exército ucraniano não seja limitado, sob risco de novos ataques no futuro.
Zelensky reforçou que a Ucrânia continuará a trabalhar com os EUA e outros parceiros em busca de um acordo que fortaleça o país.