A Black Friday de 2025 deve consolidar uma nova dinâmica no varejo brasileiro, marcada por consumidores mais racionais, forte digitalização e um movimento mais intenso de antecipação das ofertas. O setor projeta um dos maiores crescimentos dos últimos anos, reflexo da combinação entre confiança do consumidor, melhora gradual do nível de renda e expansão do e-commerce. A data oficial será em 28 de novembro, mas, conforme apontam lojistas, o mês inteiro já está tomado por campanhas progressivas.

Crescimento acima do esperado na Black

Segundo projeção da Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-commerce (Abiacom), a Black Friday deve movimentar R$ 13,34 bilhões em 2025, alta de 14,7% em comparação aos R$ 11,63 bilhões de 2024. O tíquete médio estimado é de R$ 808,50, impulsionado principalmente pelos setores de eletrônicos, casa e eletroportáteis. Para o presidente do Sindilojas Rio, Aldo Gonçalves, a data ganhou novo peso. “A Black Friday já não é um único dia. Ela movimenta praticamente todo o mês e altera os padrões de consumo”, afirma. Para ele, o consumidor de 2025 está mais preparado e atento ao histórico de preços.

Digitalização e influência nas redes

Uma pesquisa da Wake mostra que 83% dos consumidores devem realizar compras em marketplaces e 72% vão optar por sites oficiais das marcas, reforçando a consolidação definitiva do comércio eletrônico. As redes sociais também se tornaram determinantes na jornada de compra: 80% usam o TikTok para buscar análises e recomendações, enquanto 83% consultam o Instagram antes de concluir uma compra.
A especialista em comportamento digital Camila Duarte destaca que a influência é direta. “O consumidor não compra mais sem validar opiniões, vídeos e comparativos. Ele sabe o que quer e evita armadilhas.” A mesma pesquisa aponta que 88% já compraram produtos de marcas desconhecidas durante a Black Friday, impulsionados por influenciadores, cupons e avaliações positivas.

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Supermercados e o avanço do setor de bazar

O segmento supermercadista é um dos que mais cresce na data. Em 2024, as redes tiveram alta de 26,2% nas vendas de bazar, superando a média geral do varejo. Panelas, utensílios domésticos, itens de organização e pequenos eletros passaram a disputar espaço com categorias tradicionais.
O analista de varejo Luís Mendonça explica: “Com mais fluxo nas lojas, o consumidor aproveita para antecipar presentes e renovar itens domésticos. O bazar virou um braço estratégico do supermercado e amplia muito o ticket médio”. A combinação entre compra de rotina e produtos promocionais elevou a relevância da categoria, que segue em expansão em 2025.

Planejamento, estoque e experiência no PDV

O sucesso da data depende de um planejamento que começa meses antes. Redes de atacarejo e supermercados ampliaram negociações com fornecedores para garantir preços competitivos e disponibilidade. A integração entre estoque físico e digital também cresceu, permitindo operações como “retire na loja”, que ajudam a descongestionar centros de distribuição.
No ponto de venda, a ambientação se tornou parte essencial da estratégia. Decoração temática, sinalização objetiva e expositores em áreas de grande circulação aumentam a percepção de oportunidade. A consultora de varejo Adriana Nery destaca que a experiência é determinante: “Um PDV organizado e dinâmico reduz a hesitação e amplia a conversão. O consumidor decide mais rápido quando sente clareza e vantagem”.

Comunicação multicanal e fidelização

O impacto da comunicação digital se intensifica em 2025. Lojas e supermercados utilizam campanhas segmentadas no WhatsApp, e-mail marketing e redes sociais para criar expectativa e direcionar as ofertas por perfil de consumo. Programas de fidelidade ganham protagonismo com cashback, descontos exclusivos e pontos em dobro.
Especialistas avaliam que a Black Friday se tornou uma ferramenta de construção de relacionamento. O cliente que se sente valorizado tende a continuar comprando ao longo do ano, elevando o valor total de ciclo.