Alta de preços marca alta temporada, e Goiânia prevê salto no movimento aéreo e rodoviário
Aeroporto projeta aumento de 20% no fluxo de passageiros na alta temporada e recebe mais de 80 voos extras. Enquanto isso, parte dos goianos usa o 13º salário para quitar dívidas e adia viagens
A chegada do fim do ano traz, além da tradicional correria de compras e festas, um movimento intenso no setor de viagens, acompanhado de férias escolares, confraternizações e recessos, fatores que impulsionam a busca por passagens e, consequentemente, elevam os preços das viagens. A chamada alta temporada provoca um aumento natural na demanda e pressiona tarifas, especialmente nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro.
Em Goiânia, esse cenário deverá ser ainda mais intenso em 2025. A administração do Aeroporto de Goiânia estima que o fluxo de passageiros cresça 20% em relação a 2024, o que reflete o avanço do turismo e a retomada das viagens nacionais.
Para atender ao movimento crescente, o terminal contará com reforço na malha aérea, incluindo mais de 80 voos extras previstos por companhias que operam na Capital. Só a Azul Linhas Aéreas ampliou a oferta com 23 operações adicionais para o Nordeste, sendo nove para João Pessoa (PB) e 14 para Salvador (BA), dois destinos que tradicionalmente aparecem entre os mais procurados pelos goianos durante o verão.
Segundo o gerente do aeroporto, Wander Melo Jr., o reforço busca ampliar alternativas de conexão em um período de grande procura. “Sabemos que o Nordeste está entre os destinos preferidos dos goianos nesta época do ano, e os voos extras atendem justamente a essa demanda. Graças à eficiência operacional do aeroporto, conseguimos ampliar a oferta mantendo qualidade e conforto”, afirma.
Não é apenas o transporte aéreo que deve registrar alta, o movimento deve ser intenso também no transporte rodoviário. A Rodoviária de Goiânia projeta superar o incremento de 40% registrado em dezembro de 2024, impulsionada pela busca por viagens curtas e por passageiros que evitam o custo elevado das passagens aéreas, o que torna os ônibus uma alternativa para quem deseja economizar sem deixar de viajar.
A consultora de viagens Danila Santos explica que o aumento de preços durante a alta temporada é inevitável e reforça a importância do planejamento. Ela alerta ainda para golpes comuns durante períodos de promoções.
“Com o mês de Black Friday, todas as agências aproveitam a oportunidade para vender mais, e é nesse momento que os crimes cibernéticos começam a acontecer. É importante desconfiar de valores muito abaixo do mercado e de ofertas que exigem pagamento apenas via PIX”, orienta.
Especialista recomenda comprar preferencialmente em baixa temporada

Danila recomenda comprar com antecedência, preferencialmente em baixa temporada, entre março e junho e de agosto a novembro. “A melhor época para comprar passagem com custo benefício é em baixa temporada. Alguns clientes optam por essa época não apenas pelo preço mas por as praias estarem mais vazias e o atendimento ser mais exclusivo”, completa.
Diante dos valores mais altos e da pressão financeira, muitas famílias têm reavaliado seus planos de viagem neste fim de ano. O recente pagamento do 13º salário recoloca o endividamento no centro das decisões. Segundo pesquisa da Serasa, quatro em cada dez brasileiros pretendem usar o benefício para quitar dívidas — um aumento de oito pontos percentuais em relação ao ano passado. Em Goiás, mais de 353 mil consumidores possuem dívidas negociáveis, e o Estado já contabiliza mais de 52 mil negociações apenas na última edição do Feirão Limpa Nome.
A auxiliar administrativa Mariana Alves, de 32 anos, é um dos rostos que explicam essa mudança de comportamento. Depois de viajar com a família no fim de 2024, ela decidiu abrir mão das férias deste ano. “Meu décimo terceiro vai inteiro para pagar contas. Prefiro me organizar direitinho para viajar no meio do ano que vem. Assim, consigo parcelar com calma e chegar ao destino sem preocupação”, afirma.
O cenário reforça a dualidade do período: enquanto aeroportos e rodoviárias se preparam para um dos picos de movimento do ano, grande parte da população ainda luta para reorganizar o orçamento antes de colocar os pés na estrada ou embarcar rumo às férias.