Goiás aposta no pequeno produtor para impulsionar economia
Com 1.233 produtores capacitados e quase R$ 5 milhões investidos na última edição, Estado aposta na agricultura familiar como eixo de desenvolvimento
Enquanto o debate nacional sobre agronegócio geralmente se concentra nos grandes grupos exportadores, tecnologia de larga escala e recordes de produção, Goiás tem apostado em um caminho paralelo: fortalecer o pequeno produtor/agricultura familiar como agente de transformação social.
No Brasil, a agricultura familiar responde por cerca de 70% dos alimentos consumidos no País, segundo o Censo Agropecuário mais recente. Apesar disso, costuma ocupar menos espaço nas narrativas sobre o setor. No Estado, porém, políticas públicas ampliam a presença e o impacto desses agricultores na economia regional.
Goiás tem adotado uma estratégia que combina inclusão produtiva, assistência técnica, crédito e qualificação. Em diversos municípios, como Itapuranga, Palmeiras, Silvânia, Uruana e Goiás, a agricultura familiar movimenta feiras, abastece mercados locais e garante renda para milhares de famílias. Atividades como horticultura, fruticultura, leite, mandioca, agroindústria artesanal e mel fazem parte do cotidiano rural e ajudam a sustentar o comércio e os serviços das cidades vizinhas.
É nesse contexto que o programa Agro é Social se insere como uma das principais iniciativas do governo estadual voltadas para pequenos produtores. O projeto oferece capacitação, acompanhamento técnico, entrega de cartões de fomento e estímulo ao empreendedorismo rural. Na edição mais recente, foram 1.233 produtores capacitados, 991 cartões entregues e R$ 4,9 milhões investidos.
O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), Pedro Leonardo Rezende, destaca que o programa se tornou referência nacional ao articular qualificação, crédito e apoio contínuo às famílias rurais.
Projetos sociais que impulsionam a agricultura familiar em Goiás

“O AgroSocial tem se consolidado como o maior programa de inclusão produtiva da agricultura familiar no Brasil. Em 2025, executamos um orçamento recorde em políticas públicas voltadas à capacitação, comercialização, acesso ao crédito e inclusão digital”, afirma.
Ele ressalta que esses esforços já impactam indicadores sociais. “Os relatórios federais mostram que Goiás foi o Estado com melhor resultado na redução da pobreza e extrema pobreza na zona rural. Isso se explica diretamente pelas ações coordenadas do AgroSocial.”
Rezende também comenta a expansão das parcerias federais e os investimentos para aquisição de máquinas e equipamentos. “Executamos convênios viabilizados pela bancada goiana no Congresso, que direciona recursos para infraestrutura e implementos agrícolas essenciais à agricultura familiar.”
Segundo ele, a comunicação e a capilaridade do programa são parte do desafio. “Um dos pilares é garantir que o agricultor conheça todo o portfólio de políticas públicas. Vamos intensificar ações de capacitação e ampliar o investimento nos próximos orçamentos.”
Ao lado do governo estadual, instituições como Faeg/Senar/Ifag têm papel relevante, oferecendo assistência técnica, capacitação e estímulo à sucessão familiar. Para a federação, não há conflito entre agricultura familiar e agronegócio, mas integração entre diferentes perfis produtivos.
Mesmo com os avanços, os obstáculos seguem presentes. Diagnóstico recente da Emater Goiás aponta que o custo dos insumos, a falta de máquinas, a escassez de mão de obra, o acesso limitado a crédito, as falhas na comercialização e as dificuldades logísticas são entraves frequentes. Na pecuária, pesam ainda o custo da alimentação, manejo e problemas sanitários. Na agroindústria, crédito, mão de obra e infraestrutura são gargalos persistentes.
Ainda assim, o cenário é de expectativa positiva. O governo indica que o programa deve crescer em 2025, com mais investimentos e ações descentralizadas. Para especialistas, o fortalecimento da agricultura familiar é decisivo para a segurança alimentar, a redução da pobreza rural e a sustentabilidade econômica das pequenas cidades goianas.