O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), retomou a sessão desta terça-feira (9) após a interrupção causada pela ocupação da cadeira da Presidência pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Minutos antes, Motta havia informado que colocaria em pauta o pedido de cassação do mandato do psolista, que responde à acusação de agressão a um manifestante dentro da Casa.

Enquanto permanecia no assento da Presidência, Glauber declarou que ficaria “até o limite das forças”. O parlamentar afirmou: “Eu vou me manter aqui firme até o final dessa história. Se o presidente da Câmara quiser tomar uma atitude diferente daquela que ele tomou com os golpistas que ocuparam essa mesa diretora e que até hoje não tiveram qualquer punição, essa é uma responsabilidade dele.”

Hugo Motta critica ocupação da cadeira

Após o plenário ser esvaziado e a TV Câmara suspender a transmissão, Hugo Motta divulgou sua primeira reação pública. Segundo ele, a atitude de Glauber atinge o funcionamento do Legislativo. “Quando o deputado Glauber Braga ocupa a cadeira da Presidência da Câmara para impedir o andamento dos trabalhos, ele não desrespeita o presidente em exercício. Ele desrespeita a própria Câmara dos Deputados e o Poder Legislativo”, afirmou.

O presidente da Casa também mencionou episódios anteriores envolvendo o deputado. “Inclusive de forma reincidente, pois já havia ocupado uma comissão em greve de fome por mais de uma semana”, disse Motta em nota oficial.

Mais cedo, ele havia comunicado que colocaria em votação, a partir desta quarta-feira (10), os processos envolvendo Carla Zambelli (PL-SP), Delegado Ramagem (PL-RJ) e Glauber Braga. A decisão foi tomada após reunião com líderes partidários.

Quando o deputado Glauber Braga ocupa a cadeira da Presidência da Câmara para impedir o andamento dos trabalhos, ele não desrespeita o presidente em exercício. Ele desrespeita a própria Câmara dos Deputados e o Poder Legislativo. Inclusive de forma reincidente, pois já havia…

— Hugo Motta (@HugoMottaPB) December 9, 2025

Parlamentares reagem e presidente anuncia apuração interna

A ocupação gerou manifestações imediatas. O deputado estadual João Paulo (PT) declarou nas redes sociais que a medida é “uma afronta à democracia”. Luiza Erundina também se pronunciou e criticou o encaminhamento da cassação, afirmando que a medida contra Glauber seria “um completo absurdo”.

Em seu pronunciamento, Hugo Motta afirmou que atitudes que interferem no funcionamento da Câmara se aproximam de práticas radicais. “O agrupamento que se diz defensor da democracia, mas agride o funcionamento das instituições, vive da mesma lógica dos extremistas que tanto critica. O extremismo não tem lado porque, para o extremista, só existe um lado: o dele”, declarou.

No mesmo texto, o presidente destacou que considera necessário preservar o ambiente institucional. “Temos que proteger a democracia do grito, do gesto autoritário, da intimidação travestida de ato político. Extremismos testam a democracia todos os dias. E todos os dias a democracia precisa ser defendida.”