As tatuagens são cada vez mais presentes no corpo de pessoas de todas as idades e perfis — uma expressão artística e pessoal que evoluiu de um estigma cultural para uma forma comum de comunicação visual. No entanto, apesar da popularidade crescente, especialistas alertam que esse procedimento, que envolve perfuração da pele e injeção de pigmentos, pode acarretar riscos sérios à saúde se não for feito com cuidados adequados.

Agulhas na pele

Tatuagens surgem a partir da introdução de pigmentos sob a pele por meio de agulhas que perfuram repetidamente o tecido. Essa invasão da barreira cutânea — que normalmente protege o corpo de agentes externos — abre portas para problemas de saúde quando não são observadas normas de higiene e segurança.

Principais riscos à saúde

Infecções — Esse é o risco mais conhecido e comum. Ferramentas, tintas ou água contaminadas podem introduzir bactérias, fungos e vírus na pele, levando a infecções que variam de leves a graves. Em casos extremos, agentes como Staphylococcus aureus ou fungos podem causar complicações profundas e até se disseminar pelo organismo.

Doenças transmitidas pelo sangue — Se os instrumentos utilizados não forem perfeitamente esterilizados ou descartáveis, há o risco teórico de transmissão de vírus como hepatite B e C — relacionados à exposição a sangue contaminado.

Reações alérgicas — Alguns pigmentos, especialmente cores como vermelho, têm maior probabilidade de desencadear alergias cutâneas, que podem surgir até anos depois de feita a tatuagem.

Problemas de cicatrização e marcas — A reação inflamatória natural pode se tornar exagerada, formando cicatrizes elevadas (queloides) ou áreas endurecidas ao redor das tatuagens.

Interferência em exames médicos — Em alguns casos, tatuagens podem distorcer imagens em exames como ressonância magnética, causando desconfortos como queimaduras leves ou interferindo no diagnóstico.

Tinta e substâncias tóxicas: o que se sabe

Estudos recentes apontam que os pigmentos usados em tintas para tatuagens podem conter compostos que desencadeiam respostas imunológicas ou atuar de forma desconhecida ao longo do tempo. Alguns desses pigmentos são compostos por materiais que ainda não têm segurança totalmente comprovada quando injetados no corpo humano.

Pesquisas em andamento sugerem que a tinta pode entrar na corrente sanguínea e chegar aos linfonodos, responsáveis por funções do sistema imunológico, podendo alterar respostas defensivas do organismo — embora esse efeito ainda seja objeto de estudo.

Casos raros e evidências emergentes

Estudos preliminares identificaram possíveis correlações entre tatuagens e um aumento modesto do risco de certos tipos de câncer linfático — embora esse tipo de relação ainda seja incipiente e não definitivamente comprovada pela ciência.

Como reduzir os riscos

Especialistas enfatizam que muitos problemas podem ser evitados com procedimentos responsáveis:

• Procure estúdios regulamentados, com protocolos rigorosos de higiene e esterilização.
• Exija materiais esterilizados e descartáveis (agulhas, luvas, copinhos de tinta).
• Informe-se sobre as tintas usadas e prefira artistas qualificados.
• Siga corretamente os cuidados de pós-tatuagem para evitar infecções.
• Pessoas com histórico de alergias, doenças autoimunes ou condições dermatológicas devem consultar um dermatologista antes de fazer uma tatuagem.

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