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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
Alerta

Aumento de casos de raiva bovina acende alerta sanitário em Goiás

Novo foco em Turvelândia reforça risco de transmissão por morcegos e preocupa autoridades devido ao potencial zoonótico, Goiás ainda investiga mais de 20 animais suspeitos

Renata Ferrazpor Renata Ferraz em 11 de dezembro de 2025
Raiva Bovina
Foto: Divulgação

O avanço dos casos de raiva bovina em Goiás acendeu um alerta entre produtores, técnicos e autoridades sanitárias. No último sábado, 6 de dezembro, a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) confirmou um novo foco da doença em uma propriedade rural de Turvelândia. 

Além do caso positivo, outros dez bovinos do mesmo rebanho apresentam suspeita de infecção. O cenário reforça a necessidade de atenção redobrada, sobretudo porque a raiva é uma zoonose e pode ser transmitida aos seres humanos.

De acordo com o analista de mercado do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag) e médico veterinário, Marcelo Penha, a situação demonstra que o vírus continua circulando no Estado. “Os recentes registros em Turvelândia, Carmo do Rio Verde, Silvânia e outras regiões mostram que a doença permanece ativa e exige vigilância constante. São áreas onde encontramos colônias do morcego hematófago Desmodus rotundus, principal transmissor da raiva”, explica.

Os animais investigados apresentaram sintomas típicos da raiva bovina. Segundo Penha, o padrão observado inclui incoordenação motora, salivação intensa, dificuldade de se manter em pé, paralisia que evolui da parte traseira para a dianteira e morte em poucos dias. “A raiva não tem cura. Quando os sinais clínicos surgem, o animal inevitavelmente evolui para o óbito. Por isso, o alerta precisa ser rápido”, destaca.

A Agrodefesa confirmou o foco após análises laboratoriais de um bovino que desenvolveu sintomas neurológicos e morreu logo depois. Entretanto, a notificação tardia impediu a investigação de nove mortes anteriores na mesma propriedade. O órgão reforça que o produtor não sofre penalidades ao comunicar suspeitas e que a comunicação imediata é fundamental para conter a disseminação.

Os técnicos apontam que vários fatores podem ter contribuído para o aumento dos registros. Entre eles, a expansão de abrigos de morcegos hematófagos, especialmente em períodos de seca, quando os animais se deslocam em busca de alimento. 

A chegada do período chuvoso também modifica o comportamento das colônias. Além disso, a queda na cobertura vacinal preocupa. Embora a vacinação antirrábica tenha deixado de ser obrigatória em 2025, ela continua recomendada, principalmente em regiões com presença conhecida de morcegos.

Segundo a Agrodefesa, Goiás registrou 38 focos confirmados de raiva bovina neste ano, de um total de 62 investigações. Apesar de não representar grande impacto econômico frente ao tamanho da pecuária goiana, a doença continua sendo uma ameaça séria por seu risco zoonótico.

Impactos da raiva bovina na cadeia produtiva

Raiva dos herbivoros Indea01

Cada foco provoca perdas diretas ao produtor, já que os animais acometidos morrem rapidamente. Além disso, propriedades próximas, em um raio de até 12 quilômetros, precisam adotar vacinação emergencial, o que aumenta os custos operacionais. Há ainda impacto indireto, relacionado a interrupções no manejo, restrições sanitárias temporárias e necessidade de vigilância intensificada.

“Quando um foco é confirmado, a Agrodefesa coleta amostras, confirma o diagnóstico e determina a vacinação obrigatória daquele rebanho. Os vizinhos também recebem orientação de vacinação e as equipes iniciam o monitoramento de abrigos de morcegos na região”, explica Penha.

O Ifag e a Agrodefesa reforçam que trabalhadores rurais devem tomar precauções ao manejar animais com sintomas neurológicos. O vírus da raiva é transmitido principalmente pela saliva, portanto, o ideal é usar luvas, máscaras, evitar contato com a boca do animal e acionar imediatamente um médico-veterinário.

Caso ocorra contato direto com secreções, a pessoa deve procurar atendimento de saúde e informar a exposição para receber a profilaxia adequada. Por fim, as instituições recomendam vacinação preventiva, monitoramento de possíveis abrigos de morcegos, comunicação imediata de qualquer suspeita à Agrodefesa e atenção contínua aos sinais clínicos.  “A raiva é uma doença silenciosa, que se espalha rápido e causa grandes prejuízos. A única forma de proteção é agir cedo”, conclui Marcelo.

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