Goiás é o 4º estado mais premiado do Brasil na produção de vinhos em 2025
Estado soma 13 medalhas em concursos nacionais e internacionais e produz 100 mil garrafas por ano
A produção de vinhos goiana vive um dos seus melhores momentos. Em 2025, o estado consolidou-se entre os mais reconhecidos do Brasil, figurando como 4º mais premiado do país em concursos nacionais e internacionais. O desempenho supera regiões tradicionais como Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro e confirma uma transformação silenciosa, porém consistente, que vem reposicionando Goiás no mapa do vinho brasileiro.
Para especialistas e produtores, o resultado não é obra do acaso. Trata-se de um processo de amadurecimento que alia adaptação ao Cerrado, técnica avançada e investimentos contínuos em tecnologia e estrutura. O que há alguns anos parecia um experimento agrícola — produzir uvas viníferas em um clima quente e seco — hoje representa um setor em expansão, profissionalizado e com forte potencial turístico.
O Cerrado como ativo: clima, altitude e manejo especializado em vinhos
Durante décadas, o Cerrado foi visto como um desafio para a produção de vinhos finos. Solo arenoso, grande amplitude térmica e longos períodos de estiagem eram considerados obstáculos. No entanto, esses fatores passaram a ser explorados a favor da viticultura. A combinação de dias quentes, noites frias e altitudes elevadas contribui para a formação de uvas mais equilibradas, com boa concentração de aromas, acidez adequada e coloração intensa.
A técnica da “dupla poda”, que inverte o ciclo produtivo e permite colheitas no inverno, foi determinante para viabilizar a produção. A prática garante que as uvas amadureçam durante períodos menos chuvosos, reduzindo doenças e aumentando a concentração de açúcar e compostos fenólicos. Produtores afirmam que essa adaptação transformou o Cerrado em um terroir particular, capaz de gerar vinhos com identidade própria e características sensoriais marcantes.

Produção em expansão: 2,3 mil toneladas de uvas e milhares de garrafas por ano
A vitivinicultura goiana já movimenta números expressivos. O estado processa cerca de 2,3 mil toneladas de uvas por ano, distribuídas entre aproximadamente 63 produtores que cultivam em torno de 120 hectares. A produção anual alcança em média 250 mil garrafas de suco e 100 mil garrafas de vinho, volume considerado robusto para uma região que até pouco tempo era vista como iniciante no setor.
A diversificação também é crescente. As vinícolas trabalham com castas como Syrah, Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc, Tempranillo e outras variedades adaptadas ao clima local. Investimentos em irrigação controlada, manejo de solo, laboratório próprio, barricas e adegas climatizadas contribuem para elevar o padrão qualitativo das bebidas. Além disso, a cadeia se fortalece com mão de obra especializada, cursos técnicos e parcerias com instituições de pesquisa.
Outro ponto estratégico é o avanço do enoturismo. Vinícolas criaram rotas, espaços de degustação, restaurantes, festivais de vindima e experiências sensoriais que atraem visitantes do estado e de outras regiões. O movimento gera fluxo econômico, amplia o consumo e consolida Goiás como destino turístico ligado à gastronomia e à cultura do vinho.

Prêmios, reconhecimento e projeção internacional
O avanço técnico se reflete nas premiações. Em 2025, rótulos goianos conquistaram medalhas em concursos nacionais e internacionais, incluindo alguns dos mais prestigiados do setor. Vinícolas locais receberam medalhas de Ouro e Grande Ouro, confirmando que o vinho produzido no Cerrado alcançou um nível competitivo antes restrito a regiões de tradição centenária.
Produtores afirmam que essas conquistas funcionam como um “selo de confiança”, impulsionando vendas e atraindo investidores. Para especialistas, trata-se do momento mais sólido da vitivinicultura goiana em décadas, com capacidade real de competir não apenas no mercado interno, mas também de ampliar presença em exportações e em eventos que movimentam o calendário mundial do vinho.
Leia também: Delivery cresce em Goiás e lidera faturamento do foodservice em 2025
Impacto econômico e fortalecimento da identidade regional
O crescimento do setor movimenta toda a cadeia produtiva. A vitivinicultura gera empregos, estimula o desenvolvimento de pequenas propriedades rurais, fortalece cooperativas e impulsiona serviços associados, como turismo, gastronomia e hospedagem. O avanço também contribui para a construção de uma identidade regional ligada ao terroir do Cerrado, valorizando características do solo, clima e cultura local.
Para analistas da área, a vitivinicultura é hoje um exemplo de empreendedorismo rural moderno: inovador, baseado em tecnologia, com foco em valor agregado e capacidade de atrair consumidores exigentes. A expectativa é que, mantido o ritmo atual, Goiás amplie sua participação no mercado nacional e conquiste novas medalhas, consolidando-se como um dos polos emergentes mais promissores do país.