Serra Dourada inicia modernização histórica e renasce como maior arena de Goiás
Projeto prevê investimento de R$ 300 milhões, concessão de 35 anos e revitalização completa do complexo esportivo
O Governo de Goiás apresentou o projeto de modernização do Complexo Serra Dourada, que engloba o estádio, o Parque Poliesportivo e o Goiânia Arena. A concessão foi firmada com a Construcap por 35 anos, com investimento privado de R$ 300 milhões. O plano promete recolocar o Serra no centro da vida esportiva e cultural do estado, marcando a maior intervenção em sua história.
A iniciativa chega em um momento em que o governo busca resgatar o valor simbólico e funcional de um dos principais patrimônios de Goiás. Para compreender a importância dessa transformação, é preciso revisitar a trajetória do estádio que moldou o imaginário esportivo de gerações.
Um gigante nascido de um projeto ambicioso
No início dos anos 1970, o Estádio Olímpico já não atendia ao crescimento do futebol goiano. O então governador Leonino Caiado determinou a construção de uma arena que colocasse Goiás no cenário esportivo nacional. Em 1973, as obras começaram — e, em menos de dois anos, o colosso estava pronto.
A inauguração ocorreu em 9 de março de 1975, diante de 76 mil torcedores, que viram a Seleção Goiana vencer Portugal por 2 a 1, com gols de Lincoln e Tuíra. Nascia ali a relação afetiva entre o povo goiano e o estádio.
Palco de grandes jogos e memórias históricas
O Serra Dourada se tornou cenário de momentos marcantes do futebol em Goiás. Recebeu:
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o jogo de ida da final da Copa do Brasil de 1990, entre Goiás e Flamengo;
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a primeira partida da decisão da Copa Sul-Americana de 2010, com o Independiente;
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catorze jogos da Seleção Brasileira, que jamais perdeu na arena;
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partidas da Copa América de 1989, incluindo confrontos do Grupo B.
Clássicos regionais lotaram o estádio, como o Goiás x Vila Nova de 1989, que registrou mais de 64 mil torcedores, maior público da história local.
O gramado também recebeu alguns dos maiores nomes do futebol mundial: Pelé, Maradona, Zico, Sócrates, Rivelino, Francescoli, Ronaldo, Ronaldinho, Neymar, Robben, Van Persie, entre outros. Ídolos goianos eternizaram seus nomes ali — como Túlio Maravilha, maior artilheiro do estádio, com 131 gols.
Um episódio que marcou o folclore esportivo brasileiro ocorreu nas Eliminatórias de 1993, quando o goleiro chileno Rojas simulou ter sido atingido por um rojão no duelo Brasil x Chile, levando o Serra Dourada às manchetes internacionais.
Fora do esporte, a arena demonstrou sua força como espaço cultural, recebendo shows como o de Paul McCartney, em 2013.
Desgaste natural e reformas pontuais
Com o passar das décadas, a estrutura do estádio sofria desgaste. O governo promoveu intervenções pontuais — melhorias na iluminação, adequações de segurança, implantação do VAR, reforma das arquibancadas e ampliação dos bancos de reserva. Essas ações mantiveram o estádio dentro das normas e consolidaram sua capacidade oficial em 42.049 lugares.
Mas a modernização completa, aguardada há anos, nunca havia sido executada.
O plano que promete recolocar o Serra no futuro
A nova concessão prevê uma transformação ampla e profunda. Entre as principais mudanças:
No estádio Serra Dourada
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Capacidade ampliada para 44 mil torcedores em jogos e 60 mil em shows
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Novos camarotes, lounges climatizados e áreas VIP
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Banheiros ampliados e reforma total da área de alimentação
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Cozinhas industriais e bares modernizados
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Circulação nivelada e acessos requalificados
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Entrada com reconhecimento facial
No Goiânia Arena
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Nova fachada com painéis de LED
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Melhorias acústicas e de cobertura
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Espaços de hospitalidade reformulados
No entorno
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Implantação de um parque linear com ciclovia de 3 km, a maior de Goiânia
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Requalificação completa das áreas externas e de convivência
As obras começam em 2026 e devem ser concluídas em 2028. O modelo de concessão prevê uma desoneração de R$ 1 bilhão aos cofres públicos, já que todo o investimento será privado.
Um novo capítulo para um patrimônio goiano
Se o cronograma for cumprido, o Serra Dourada viverá uma nova fase. O estádio que ajudou a construir a identidade esportiva e cultural de Goiás se prepara para voltar ao protagonismo — mais moderno, mais funcional e pronto para sediar eventos de grande porte.