Terminal Cruzeiro passa por reestruturação para implantação da meia tarifa em Aparecida de Goiânia
Mudanças operacionais no terminal entraram em vigor desde sábado (13) incluem bloqueio parcial de catracas e exigem atenção dos usuário
O Terminal Cruzeiro, em Aparecida de Goiânia, passa por uma reestruturação com mudanças operacionais e estruturais anunciadas em dezembro de 2025. As intervenções preparam o local para a implementação da meia tarifa aos usuários de linhas alimentadoras que ligam o terminal aos bairros da região.
Desde sábado (13), a operação foi alterada, exigindo atenção dos passageiros às novas plataformas de embarque. A principal mudança é a instalação de um bloqueio de catraca em parte da estrutura, etapa inicial para a futura cobrança da meia tarifa.
Ainda sem data definida para o início do benefício, o subsecretário de Transportes de Goiás, Miguel Ângelo Pricinote, afirmou que medidas semelhantes em outras cidades resultaram em melhorias no serviço e maior adesão ao sistema. A meia tarifa já funciona em terminais de Aparecida de Goiânia, além de Senador Canedo, Trindade, Nerópolis e Goianira.
O Terminal Cruzeiro é ponto de integração de trajetos relevantes, como o deslocamento semanal de passageiros entre Aparecida de Goiânia e o Setor Pedro Ludovico, ou no percurso direto até a Praça Cívica. Integrante da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC), o terminal está inserido no processo de modernização do sistema, e a integração entre linhas alimentadoras e o Bus Rapid Transit (BRT) já é apontada por usuários como fator de redução do tempo de espera.
Mudança no terminal faz parte de um projeto
As mudanças no terminal fazem parte do projeto Nova Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (Nova RMTC), liderado pelo governo de Goiás, que busca modernizar um sistema que ficou 26 anos sem obras.
A modernização tem se concentrado nos corredores de BRT e nos terminais de integração. No Eixo Leste-Oeste (Anhanguera), cinco terminais estavam em obras, com a entrega já realizada do Terminal Novo Mundo, cujo padrão foi comparado ao de “aeroporto”.
O Terminal Praça da Bíblia foi o segundo a ser inaugurado, em 29 de setembro, após reconstrução completa com investimento de R$ 29 milhões, que ampliou em 60% a área coberta e incorporou iluminação em LED, acessibilidade total e sistema de monitoramento com câmeras de alta definição e reconhecimento facial.
Outros quatro terminais, Praça A, Padre Pelágio, Senador Canedo e Dergo, seguem em obras, com previsão de entrega até o fim de 2025.
Enquanto as obras avançam, a tarifa se mantém inalterada em R$ 4,30 desde 2019, segundo o governo de Goiás. A modernização é vista como crucial, especialmente porque Goiânia enfrenta um grande desafio de mobilidade urbana, com mais de 1,3 milhões de veículos circulando, quase um veículo por habitante.
Um levantamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Estudo Nacional de Mobilidade Urbana – ENMU, revelou que, entre 21 regiões metropolitanas analisadas, Goiânia apresenta o índice mais baixo de uso de transporte público, respondendo por apenas 17,2% das viagens motorizadas. Atualmente, 82 mil pessoas utilizam o sistema diariamente na Região Metropolitana da Capital.
No entanto, o estudo projeta que, mantidos os investimentos em Redes Futuras e adotadas políticas como tarifa módica, integração plena, corredores exclusivos e desincentivo ao carro, a participação do transporte público em Goiânia pode chegar a 43,4% das viagens motorizadas até 2054, tornando-se o principal meio de deslocamento urbano.
O cenário prevê aumento de 229% no número diário de passageiros. A frota da RMTC também deve ser renovada até o fim de 2026, com a incorporação de ônibus a diesel Euro VI e um veículo articulado elétrico.
O BRT é apontado como uma das principais soluções para o transporte público e é um importante indutor da migração do carro para o sistema coletivo, ao buscar resolver queixas relacionadas ao tempo de espera e à infraestrutura.
Usuários do BRT Leste-Oeste (Eixo Anhanguera, com cerca de 14 km) e do BRT Norte-Sul (aproximadamente 29,6 km) reconhecem avanços, como a climatização dos ônibus, maior rapidez nas viagens e intervalos menores garantidos pela faixa exclusiva, além de frequência considerada satisfatória.
Apesar disso, o sistema ainda enfrenta desafios estruturais e operacionais. A superlotação persiste nos horários de pico, os intervalos nos terminais de bairro são avaliados como longos e a acessibilidade seguem como ponto crítico, já que, embora haja rampas e painéis informativos, usuários relatam falhas estruturais.
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