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quinta-feira, 18 de dezembro de 2025
União Brasil

Flávio enfraquece Tarcísio, União Brasil se reaproxima de Lula e mantém portas abertas à direita

Flávio Bolsonaro pode entrar no jogo do segundo turno, o centrão recalcula rotas e o União Brasil sinaliza apoio ao governo Lula, por enquanto. O recado da sigla é claro: alianças só com quem vencer

Paula Costapor Paula Costa em 18 de dezembro de 2025
União Brasil
Flávio Bolsonaro cresce, Tarcísio perde protagonismo e União Brasil retorna ao governo Lula, enquanto observa quem chegará mais forte a 2026. Crédito: Agência Brasil.

A sucessão presidencial de 2026 ganhou novo contorno político após a divulgação da pesquisa Genial/Quaest, que mostrou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) competitivo em um eventual segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O levantamento alterou o equilíbrio de forças no campo da direita e provocou reacomodação no centrão. O avanço de Flávio redesenha a direita, esvazia Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e empurra o União Brasil de volta ao governo Lula, mas sem fidelidade garantida – conforme afirmou o partido.

Na manhã desta quinta-feira (18), outra pesquisa foi publicada, e indicou melhora do desempenho do presidente. Segundo a pesquisa Pulse Brasil Latam, realizada pelo instituto AtlasIntel em parceria com a Bloomberg Lula lidera todos os cenários de segundo turno para a eleição presidencial de 2026. Porém, o estudo incluiu o senador Flávio Bolsonaro nas simulações de segundo turno. No confronto direto, Lula aparece com 53% das intenções de voto, contra 41% do filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro, uma diferença de 12 pontos percentuais.

Com o avanço de Flávio nas intenções de voto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, perdeu espaço como principal alternativa eleitoral, abrindo margem para que partidos como União Brasil e PP acelerassem movimentos táticos, tanto na relação com o Planalto quanto na construção de cenários para 2026.

Até então tratado como plano A da Federação União Progressista, formada por União Brasil e PP, Tarcísio passou a ser visto como opção secundária diante do crescimento de Flávio nas sondagens. Diante da mudança de cenário, o centrão recalculou rotas. O União Brasil, que havia anunciado desembarque do governo Lula e expulsado o então ministro do Turismo, Celso Sabino (PA), decidiu pedir de volta o comando da pasta e indicar um novo nome.

Embora o presidente da legenda, Antônio Rueda, não tenha se exposto publicamente, o movimento foi avalizado pela cúpula partidária e conduzido pelo líder do União Brasil na Câmara, deputado Pedro Lucas Fernandes (MA). Fernandes havia sido confirmado em abril para o Ministério das Comunicações, mas recusou o convite à época, citando divisões internas no partido e a impopularidade do governo no primeiro semestre.

Nos últimos dias, porém, o deputado participou da articulação que levou à indicação de Gustavo Damião, ex-secretário de Turismo da Paraíba e filho do deputado federal Damião Feliciano (União-PB), para o Ministério do Turismo. Pai e filho mantêm relação próxima com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que endossou o nome. Gustavo Damião já foi vice-líder do governo, tem histórico de alinhamento à esquerda e é egresso do PDT, perfil que agrada a uma ala do União Brasil, especialmente no Nordeste, que segue votando com o Planalto e tende a apoiar Lula em 2026.

Para o presidente da República, a mudança teve duplo efeito político. Lula sinalizou reaproximação com o União Brasil e fortaleceu o diálogo com Hugo Motta, interessado em viabilizar a candidatura do pai ao Senado pela Paraíba no próximo ano. O custo foi a saída definitiva de Celso Sabino, que entrou em conflito com o partido, foi expulso da legenda e perdeu espaço político no Pará. Sem apoio local e fora da chapa da família Barbalho, que domina o cenário estadual, Sabino ficou sem cargo e mas disse que se dedicará a candidatura ao Senado.

O recado do União Brasil é direto: o partido mantém liberdade de movimento e evita compromissos antecipados. A legenda busca tempo para observar a consolidação do quadro eleitoral. Se Lula mantiver a dianteira, o União se posiciona para integrar a base no próximo ciclo. Se Flávio Bolsonaro crescer ou abrir espaço para Tarcísio, a sigla pode migrar.

Apesar do desempenho na pesquisa Quaest, a pré-candidatura de Flávio enfrenta dificuldades para atrair partidos como PP, União Brasil, Republicanos e PSD. Nos bastidores, aliados avaliam que Tarcísio evita um engajamento imediato para ganhar tempo e medir a viabilidade do projeto. A interlocutores, o governador tem dito que não será desleal a Bolsonaro, mas demonstrou discordância quanto ao momento e à escolha do filho do ex-presidente.

A reação, no entanto, não é unânime. Lideranças do centrão e parte da oposição resistem à candidatura de Flávio. O pastor Silas Malafaia, aliado próximo de Bolsonaro, defendeu publicamente uma chapa com Tarcísio e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e afirmou que não vai “engolir” a postulação do senador.

Na semana passada, dias após Flávio anunciar a pré-candidatura, Tarcísio manifestou apoio, mas ressaltou que o campo conservador teria outros nomes. Desde então, evitou novas declarações sobre o tema. Em discurso, afirmou que Flávio “se junta a outros grandes nomes da oposição”, fala considerada tímida por lideranças paulistas.

Ainda assim, parlamentares bolsonaristas apostam que o apoio virá. O deputado estadual Paulo Mansur (PL), por exemplo, avalia que Tarcísio deve aderir à candidatura de Flávio no momento considerado politicamente mais seguro, destacando a relação próxima entre os dois.

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