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segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
DESASTRE DE FUKUSHIMA

Japão avança para reativar maior usina nuclear do mundo

Voto em Niigata remove último entrave político e abre caminho para reativação nuclear quase 15 anos após Fukushima

Lalice Fernandespor Lalice Fernandes em 22 de dezembro de 2025
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Foto: Divulgação/ IAEA - Greg Webb

Quase 15 anos após o desastre de Fukushima, o Japão avançou no processo de retomada de energia nuclear. Nesta segunda-feira (22), a assembleia da província de Niigata aprovou um voto de confiança no governador Hideyo Hanazumi, abrindo caminho para a reativação da usina de Kashiwazaki-Kariwa, considerada a maior usina nuclear do mundo. A decisão removeu o último entrave político para que a Tokyo Electric Power Company (TEPCO) volte a operar a unidade.

A usina está localizada na região costeira de Niigata, a cerca de 220 quilômetros a noroeste de Tóquio, e permaneceu inativa desde 2011, quando um terremoto seguido de tsunami levou ao colapso da usina de Fukushima Daiichi. O episódio foi classificado como o pior acidente nuclear desde Chernobyl e resultou no fechamento das 54 usinas nucleares do país, incluindo Kashiwazaki-Kariwa.

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Kashiwazaki-Kariwa antes do acidente nuclear, em 2007 (Foto:Divulgação/ Tokyo Electric Power Co., TEPCO)

Desde então, o Japão retomou gradualmente parte de sua capacidade nuclear. Atualmente, 14 dos 33 reatores que permanecem operacionais voltaram a funcionar, em um esforço para reduzir a dependência de combustíveis fósseis importados. Caso seja reativada, Kashiwazaki-Kariwa será a primeira usina a voltar a operar sob a gestão da TEPCO desde a tragédia de Fukushima.

Protestos contra reativação da usina

A votação em Niigata ocorreu em meio a protestos. Cerca de 300 pessoas se foram à frente da assembleia provincial. Em sua maioria idosos, os manifestantes se reuniram sob temperatura de 6 graus Celsius portando cartazes com mensagens como “Não às armas nucleares”, “Nós nos opomos à retomada das operações em Kashiwazaki-Kariwa” e “Apoiem Fukushima”. No início do ato, a multidão cantou “Furusato”, canção nacional japonesa. Durante o protesto, um manifestante questionou ao microfone: “A TEPCO está qualificada para administrar Kashiwazaki-Kariwa?”, ao que o grupo respondeu em coro: “Não!”.

Companhia afirma ter tomado medidas de segurança

Segundo a emissora pública NHK, a empresa estuda reativar o primeiro dos sete reatores por volta de 20 de janeiro. A companhia afirma que adotou uma série de medidas para reforçar a segurança da usina. A empresa informou que a Unidade 6 passou por uma rodada completa de verificações de integridade no final de outubro e foi considerada apta para entrar em operação.

“Continuamos firmemente comprometidos em nunca repetir um acidente como esse e em garantir que os moradores de Niigata jamais passem por algo semelhante”, disse o porta-voz da TEPCO, Masakatsu Takata, que evitou comentar o cronograma exato da retomada.

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Foto: Divulgação/ TAPS India

Independência de  combustíveis fósseis importados

Para o governo japonês, a reativação tem impacto direto no fornecimento de energia. Estimativas do Ministério do Comércio indicam que o reinício de um único reator pode elevar em cerca de 2% a oferta de eletricidade para a região de Tóquio. Hoje, entre 60% e 70% da geração elétrica do país depende de combustíveis fósseis importados, como carvão e gás natural.

Em 2024, o Japão gastou aproximadamente 10,7 trilhões de ienes, o equivalente a US$ 68 bilhões, com a importação desses insumos. A primeira-ministra Sanae Takaichi, que assumiu o cargo há dois meses, defende a retomada nuclear como parte da estratégia para fortalecer a segurança energética e conter os custos da eletricidade.

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Foto: Divulgação/ Cabinet Public Affairs Office

Apesar da redução da população, o governo projeta aumento da demanda nos próximos anos, impulsionado pela expansão de data centers ligados à inteligência artificial. Para atender a esse cenário e cumprir metas ambientais, o Japão estabeleceu o objetivo de elevar a participação da energia nuclear para 20% da matriz elétrica até 2040.

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