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sexta-feira, 26 de dezembro de 2025
Liquidações

Por que os preços caem no pós-Natal no comércio brasileiro

Liquidações após o Natal não são acaso: dados revelam lógica econômica do varejo

Luana Avelarpor Luana Avelar em 26 de dezembro de 2025
pós natal
Foto: Souk

Quem circula pelo comércio nos dias que sucedem o Natal percebe um fenômeno recorrente: o recuo dos preços. Longe de ser apenas uma estratégia ocasional, a queda registrada no pós-Natal responde a uma engrenagem estrutural do varejo brasileiro, sustentada por dados de consumo, estoques e indicadores oficiais de inflação.

Levantamentos da Confederação Nacional do Comércio (CNC) indicam que dezembro concentra o maior volume de vendas do ano, impulsionado pela compra de presentes. Para dar conta da demanda, lojas ampliam estoques, sobretudo de vestuário, calçados, eletrônicos e itens sazonais. Encerrado o período natalino, parte expressiva dessas mercadorias permanece nas prateleiras, criando pressão imediata por escoamento.

pós-Natal
Foto: FreePik

Pós-Natal e a lógica dos estoques

A redução de preços no pós-Natal funciona como mecanismo de ajuste. Manter produtos parados significa custo: espaço físico ocupado, capital imobilizado e dificuldade para receber novas coleções e itens típicos do início do ano, como material escolar. A alternativa é reduzir margens para liberar estoque e preservar fluxo de caixa.

Essa dinâmica se reflete nos indicadores oficiais. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), costuma registrar desaceleração ou queda no grupo vestuário nos meses de janeiro e fevereiro. Em diversos anos, roupas e calçados aparecem entre os principais itens com variação negativa, fenômeno diretamente associado às liquidações do pós-Natal.

Pesquisas de comportamento do consumidor reforçam esse padrão. Estudos conduzidos por federações do comércio apontam que uma parcela relevante dos brasileiros adia compras pessoais para depois das festas, justamente para aproveitar o pós-Natal. O varejo, ciente desse movimento, antecipa promoções já a partir do dia 26 de dezembro, tentando manter o fluxo de clientes em um período tradicionalmente mais fraco.

No comércio eletrônico, a lógica se intensifica. Monitoramentos de plataformas de comparação de preços mostram que televisores, eletrodomésticos e celulares costumam registrar reduções logo após o Natal, quando campanhas voltadas a presentes perdem força e dão lugar à queima de estoque do pós-Natal.

Para o consumidor, os dados confirmam uma prática consolidada. Para o varejo, trata-se de sobrevivência econômica. O pós-Natal, mais do que uma oportunidade de compra, é um momento de reequilíbrio do mercado — em que o excesso de dezembro encontra o freio da realidade.

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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

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