O declínio do Goiás como celeiro de craques e o risco da “Barriga de aluguel”
Venda do meia Larson ao Palmeiras por R$ 4 milhões expõe fragilidade comercial da atual diretoria e levanta questionamentos sobre o futuro do patrimônio do Goiás
O Goiás Esporte Clube, outrora conhecido nacionalmente como uma “fábrica de talentos” e um exímio negociador, parece ter perdido a mão na gestão de suas principais joias. A recente venda em definitivo do meia Larson ao Palmeiras, pela quantia considerada irrisória de R$ 4 milhões (referente a 50% dos direitos econômicos), é o retrato de um modelo de negócio perigoso que ganhou o apelido nos bastidores de “Barriga de Aluguel”.
Nesse formato, o clube cede gratuitamente suas revelações a gigantes do eixo Rio-São Paulo ou Sul. Se o atleta brilha, o clube comprador exerce uma opção de compra com valores pré-fixados baixos; se o jogador fracassa ou se lesiona gravemente, o prejuízo técnico e financeiro retorna integralmente para a Serrinha. É um jogo de alto risco onde o Goiás entra, quase sempre, em desvantagem.
O contraste com a Era de Ouro do Goiás
A comparação com gestões históricas de nomes como Hailé Pinheiro e Raimundo Queiroz é inevitável e dolorosa para o torcedor. No passado, o Goiás ditava as regras do mercado. Craques como Luvanor, Túlio Maravilha, Cacau, Wellington e Zé Teodoro não saíam de graça; eram negociados por fortunas em dólares que ergueram o invejável patrimônio do clube e montaram times inesquecíveis.
Hoje, o cenário é inverso. O clube não apenas revela menos, como se desfaz precocemente do pouco que produz. Além de Larson, o atacante Raikkonen segue o mesmo caminho, emprestado de graça ao Internacional. Enquanto se destaca no Sul e caminha para ser vendido por valores módicos, Raikkonen faz falta ao ataque esmeraldino, que em 2025 sofreu com a ausência de um matador de seu nível.
Carência no elenco e perda de identidade
A maior ironia desse modelo comercial é que o Goiás busca no mercado, muitas vezes sem sucesso, jogadores que já possuía em sua base. Em 2025, o time profissional padeceu pela falta de um autêntico camisa 10, função que Larson exercia com maestria nas categorias inferiores.
Ao abrir mão desses talentos por valores que não condizem com o mercado de “joias”, o Goiás não apenas enfraquece seu time profissional, mas compromete sua sustentabilidade financeira a longo prazo. A aposta da diretoria é que uma futura venda de Larson pelo Palmeiras renda frutos maiores, mas até lá, o prejuízo de ver um talento da casa brilhar com outra camisa — por um preço de “banana” — já está consolidado.