Tenente-coronel condenado por tentativa de golpe se apresenta à PF em Goiânia para cumprir prisão domiciliar
Militar foi condenado a 13 anos e 6 meses de prisão e deverá usar tornozeleira eletrônica, além de cumprir restrições impostas pelo STF
O tenente-coronel do Exército Guilherme Marques Almeida, condenado a 13 anos e 6 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, se apresentou à Polícia Federal em Goiânia, na tarde desta segunda-feira (29), para cumprir prisão domiciliar determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
O militar estava na Bahia e comunicou previamente que se entregaria às autoridades. A medida cautelar prevê que a prisão domiciliar seja cumprida em Goiânia, cidade onde ele já atuou como comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas do Exército.
A decisão de Alexandre de Moraes ocorreu após a tentativa de fuga do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, que acabou capturado no Paraguai. Diante do episódio, o ministro determinou, por precaução, a prisão domiciliar de Marques Almeida — conhecido como “Kid Preto” — e de outros acusados, mesmo com o processo ainda em fase de recurso.
Medidas cautelares
Além da prisão domiciliar, o tenente-coronel deverá cumprir uma série de restrições, entre elas:
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uso de tornozeleira eletrônica;
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proibição de utilizar redes sociais;
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vedação de contato com outros investigados no mesmo processo.
Atuação investigada
Guilherme Marques Almeida foi alvo da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal em fevereiro de 2024. As investigações apontam que ele integrava um núcleo responsável por disseminar desinformação e atacar o sistema eleitoral após o pleito de 2022.
Em áudios obtidos pela PF, extraídos de celulares e computadores apreendidos, o militar defendeu a necessidade de “sair das quatro linhas” para viabilizar um golpe de Estado. Em uma das gravações, afirmou que a permanência dentro da legalidade impediria qualquer reação contra o resultado das eleições.
Em outro trecho, Marques Almeida criticou o silêncio das Forças Armadas e afirmou que o então ministro da Defesa deveria se posicionar publicamente sobre o cenário político do país.
Histórico
Além da atuação no Exército Brasileiro, Marques Almeida também trabalhou como instrutor na Escola de Operações Psicológicas do Exército Peruano, entre maio de 2020 e janeiro de 2022, período da pandemia da Covid-19, conforme registros do Diário Oficial da União.
O militar ficou nacionalmente conhecido após desmaiar durante o cumprimento de mandados da Polícia Federal, quando foi alvo da operação. Ele foi socorrido, se recuperou e chegou a colaborar com as buscas realizadas na ocasião.
No julgamento do STF, Guilherme Marques Almeida foi enquadrado no núcleo 4 da trama golpista, responsável por ações de desinformação e pressão institucional.