Dívida externa do setor privado aumenta 13,2% em onze meses
A perda de valor do dólar em relação ao real nos últimos 12 meses aparentemente teria estimulado o setor privado, o que inclui empesas dos setores financeiro e não financeiro, a contratar novas dívidas em moeda estrangeira ao longo dos 11 primeiros meses do ano passado, ao mesmo tempo em que o setor público percorria […]
A perda de valor do dólar em relação ao real nos últimos 12 meses aparentemente teria estimulado o setor privado, o que inclui empesas dos setores financeiro e não financeiro, a contratar novas dívidas em moeda estrangeira ao longo dos 11 primeiros meses do ano passado, ao mesmo tempo em que o setor público percorria trajetória inversa, reduzindo seu endividamento externo. As estatísticas do setor externo divulgadas ontem pelo Banco Central (BC) registram uma variação de 5,23% para o saldo da dívida externa bruta do País entre dezembro de 2022 e novembro do ano passado, avançando de US$ 319,634 bilhões para US$ 336,336 bilhões, numa variação mais do que compensada pelo aumento nas reservas internacionais mantidas pelo País.
No setor público, contemplando setores não financeiros e financeiros, a dívida registrou baixa de 8,0% desde dezembro de 2022, caindo de US$ 120,431 bilhões para US$ 110,785 bilhões, que dizer US$ 9,649 bilhões a menos. O aumento foi integralmente explicado pelo crescimento observado no estoque de dívidas em poder do setor privado, que experimentou alta de 13,23% na mesma comparação, subindo de US$ 199,20 bilhões para US$ 225,551 bilhões, num acréscimo de US$ 26,351 bilhões. Parte do crescimento pode ser associado ao movimento do câmbio num período mais recente, marcado pela valorização do real diante do dólar – o que, por sua vez, reforça mais uma vez as análises indicando que os juros domésticos continuavam em níveis exageradamente elevados. Entre o final de novembro de 2022 e igual período do ano seguinte, a cotação do dólar em reais havia anotado queda de 6,8%, passando de R$ 5,29 para quase R$ 4,94, conforme acompanhamento do BC.
“Chuva” de dólares
Não por outra razão, a entrada líquida de dólares destinados a aplicações em títulos de dívida pública e privada disparou no ano passado, com salto de 476,96% apenas em novembro. Naquele mês, a alta especulação internacional destinou ao mercado de dívida brasileiro pouco mais de US$ 2,604 bilhões, o que se comparou com “meros” US$ 451,41 milhões no mesmo mês de 2022. Os ingressos totais, ainda sem descontar os dólares que saíram do Brasil para aplicações em títulos de dívida fora do País, atingiram US$ 7,991 bilhões apenas em novembro passado, crescendo 56,37% em relação a igual mês de 2022, quando esse tipo de ingresso havia alcançado perto de US$ 5,110 bilhões. Em 12 meses, mais de US$ 40,314 bilhões engrossaram o fluxo de dólares estacionados no mercado brasileiro de dívida, elevando o valor acumulado nos 11 meses iniciais do ano de US$ 53,799 bilhões em 2022 para US$ 94,113 bilhões, correspondendo a um incremento de 74,93%.
Balanço