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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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Inflação bem-comportada (mas BC resiste em acelerar queda dos juros)

As apostas no mercado indicam que o Banco Central (BC), por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), deverá manter o ritmo exasperante de redução dos juros básicos ao final de sua primeira reunião neste ano, a ser realizada entre hoje e amanhã. Se o roteiro dos bancos vier a ser confirmado pelo Copom, a […]

As apostas no mercado indicam que o Banco Central (BC), por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), deverá manter o ritmo exasperante de redução dos juros básicos ao final de sua primeira reunião neste ano, a ser realizada entre hoje e amanhã. Se o roteiro dos bancos vier a ser confirmado pelo Copom, a taxa básica de juros deverá baixar mais meio ponto percentual, para 11,25% ao ano, indicando uma taxa real acumulada em 12 meses próxima de 7,4% se considerada a expectativa de uma inflação de 3,60% ao longo de 2024. Considerando a conjuntura econômica em cena, empresas, trabalhadores e suas famílias continuarão submetidos a um arrocho creditício, o que manterá as decisões de investimento e consumo sob restrição importante, esfriando a atividade econômica em geral.

O início de ano muito bem-comportado para os preços, com a inflação atingindo níveis até mesmo abaixo das expectativas dos mercados, sugere que o Copom poderia ousar um pouco mais e acelerar o ritmo de redução dos juros, sem que isso venha a alimentar novos focos inflacionários. Segundo o economista Ricardo Barboza, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) e mestre em economia pela PUC do Rio de Janeiro, os chamados “núcleos da inflação” vêm demonstrando bom comportamento ao longo dos últimos meses, atingindo níveis até mesmo ligeiramente abaixo do centro da meta inflacionária definida para 2024, com variação de 2,88% no acumulado em 12 meses.

Para registro, o centro da meta inflacionária foi reduzido para 3,0% neste ano, o que coloca os limites mínimo e máxima admitidos pela política (supostamente) de controle inflacionário entre 1,5% e 4,5% respectivamente. Como “detalhe”, menciona Barboza em post recente na plataforma X, o núcleo definido como EX-3, que inclui itens mais sensíveis às flutuações da demanda doméstica e teoricamente também à política de juros, “está rodando no piso do intervalo de tolerância”, com variação de 1,53%.

O lobby, sempre o lobby

Alguns departamentos econômicos de bancos de investimento passaram a sugerir que talvez, quem sabe, o Copom tenderia a assumir uma posição ainda mais conservadora na reunião dos dias 30 e 31 de janeiro, revendo o anúncio anterior de perseverar em cortes de meio ponto percentual durante as reuniões previstas para o primeiro semestre. O argumento central, neste caso, estaria relacionado ao comportamento dos preços dos chamados “serviços subjacentes”, que exclui comunicações, cursos regulares e passagens aéreas. O indicador registrou elevação de 0,68% nas quatro semanas encerradas em 14 de janeiro, diante de 0,51% em todo o mês de dezembro, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de janeiro. A previsão dos mercados para a inflação dos “serviços subjacentes” girava ao redor de 0,45%. Supor uma inflexão ainda mais dura nos rumos da política monetária por conta da flutuação acima do esperado de um dos componentes da taxa de inflação em um único mês parece excessivo e mostra que o lobby dos juros altos continua em plena atividade, a despeito do processo já prolongado de “desinflação”, quer dizer, de esvaziamento das pressões que haviam contribuído para a alta da inflação em 2022.

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