Ocupação menos qualificada responde por 2 terços da reação do emprego desde 2021
Num efeito da pandemia sobre a atividade econômica e, claro, das medidas de restrição a aglomerações e à movimentação das pessoas adotadas no período, o mercado de trabalho havia detonado em torno de 8,433 milhões de vagas entre o quarto trimestre de 2019 e o primeiro trimestre de 2021, quando atingiu o fundo do poço […]
Num efeito da pandemia sobre a atividade econômica e, claro, das medidas de restrição a aglomerações e à movimentação das pessoas adotadas no período, o mercado de trabalho havia detonado em torno de 8,433 milhões de vagas entre o quarto trimestre de 2019 e o primeiro trimestre de 2021, quando atingiu o fundo do poço em toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e iniciada em 2012. Até então, o melhor resultado da pesquisa havia sido anotado no trimestre encerrado em dezembro de 2019, quando 95,515 milhões de pessoas exerciam algum tipo de ocupação, formal ou informalmente. Aquele número murchou para 87,082 milhões na média dos primeiros três meses de 2021, numa queda levemente superior a 8,8%.
Nos sete trimestres seguintes, com a economia oscilando entre uma fase inicial de avanço mais acelerado, na saída da crise, e um período mais recente de perda de ímpeto no crescimento, o mercado abriu 13,903 milhões de ocupações, repondo com alguma folga o retrocesso observado nos anos mais críticos da pandemia. A criação de novos empregos elevou o número total de pessoas ocupadas para o recorde de 100,985 milhões no trimestre final do ano passado, conforme registra a última edição de 2023 da PNADC. O crescimento acumulado desde o início de 2021 chegou a quase 16,0%.
As ocupações que demandam qualificação menos especializada, numa classificação generosa, incluindo agricultura, construção, alojamento e alimentação, transporte, serviço doméstico e outros serviços, o número de pessoas ocupadas experimentou salto de 17,8% entre o primeiro trimestre de 2021 e o quarto trimestre do ano passado, saindo de 48,679 milhões para 57,363 milhões e adicionando ao mercado 8,684 milhões de vagas – ou seja, perto de 62,5% do número de ocupações novas agregadas à economia ao longo daqueles sete trimestres.
Informais e formais
Em outra classificação, a informalidade respondeu por 39,4% do aumento acumulado no mesmo período pelo total de ocupações e manteve a taxa de informalidade praticamente estável, ao redor de 39,1%. O contingente de informais na economia avançou 16,1% entre o trimestre inicial de 2021 e o último trimestre de 2023, passando de 34,054 milhões para 39,533 milhões de pessoas, quer dizer, 5,479 milhões a mais. As ocupações “formais”, numa aproximação que exclui informais e trabalhadores do setor público sem carteira do total de ocupados, cresceram 14,3% aproximadamente e responderam por pouco mais de metade (52,4%) do avanço experimentado pelo total de ocupados, evoluindo de 51,108 milhões para 58,389 milhões de trabalhadores (7,281 milhões a mais). Apenas como informação adicional, o número de trabalhadores sem carteira no setor público disparou naquele período, saltando quase 60,0%, de 1,920 milhão para 3,063 milhões, coma entrada de mais 1,143 milhão de pessoas nessa categoria, que sozinha respondeu por 8,2% do aumento das ocupações em sua totalidade – ainda que represente pouco mais de 3,0% do total de ocupados.
Balanço