Massa de salários ganha fôlego e sobe 11,3% no quarto trimestre
Depois de desacelerar no terceiro quarto do ano passado, a massa real de rendimentos pagos aos trabalhadores do Estado ganhou fôlego renovado no último trimestre, com o avanço combinado do rendimento médio e do emprego, embora com predominância de ocupações que demandam qualificação menos intensiva. A valores atualizados até dezembro passado com base no Índice […]
Depois de desacelerar no terceiro quarto do ano passado, a massa real de rendimentos pagos aos trabalhadores do Estado ganhou fôlego renovado no último trimestre, com o avanço combinado do rendimento médio e do emprego, embora com predominância de ocupações que demandam qualificação menos intensiva. A valores atualizados até dezembro passado com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a massa salarial, que soma os rendimentos recebidos pelo total de ocupados, subiu de R$ 10,449 bilhões no quarto trimestre de 2022 para R$ 11,632 bilhões, numa alta de 11,3%, equivalente a um ganho de R$ 1,184 bilhão no período, alcançando o nível mais elevado na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e iniciada em 2012.
Os dados da pesquisa haviam registrado uma variação ainda vigorosa, mas levemente inferior ao ritmo mais recente, num avanço de 9,1% entre o terceiro trimestre de 2023 e igual período do ano anterior, correspondendo a acréscimo de R$ 948,0 milhões. Na série mais recente, a maior valorização havia sido registrada no primeiro trimestre do ano passado, quando a massa de rendimentos ganhou R$ 1,718 bilhão em 12 meses, atingindo R$ 10,913 bilhões, numa variação de 18,7%. Paradoxalmente, embora o emprego tenha registrado aceleração no final do ano passado, o rendimento real médio passou a indicar perda de ímpeto, ainda que as taxas de inflação tenham igualmente cedido – o que tenderia a produzir variações mais alentadas para os salários em termos reais.
Começando pela ocupação, que foi recorde nos registros da PNADC trimestral, o total de pessoas de alguma forma ocupadas aumentou 5,2% entre o trimestre final de 2022 e o mesmo período do ano seguinte, crescendo de 3,656 milhões para 3,848 milhões, significando a abertura de 192,0 mil vagas. No terceiro trimestre de 2023, o número de ocupados havia registrado variação de apenas 0,5% com geração de 19,0 mil empregos novos. O rendimento real médio reduziu a taxa de crescimento ao longo de dois trimestres em sequência, muito embora as variações reais tenham se mantido em níveis relativamente elevados.
Menor aceleração
A melhor descrição, no caso, talvez seja considerar o movimento mais recente como “menor aceleração”, já que a tendência continuou positiva. Nos dois primeiros trimestres do ano passado, o rendimento real médio havia crescido 12,7% e 14,3% na comparação com idênticos trimestres de 2022. Mas no terceiro e quarto trimestres, o ritmo de avançou foi reduzido para 8,4% e 5,7% na mesma ordem. Essa alteração de ritmo poderia estar relacionada a certa aceleração da taxa de inflação acumulada em 12 meses, que havia alcançado 3,16% ao final de junho do ano passado e alcançado 5,19% nos 12 meses terminados em setembro. Mas o ritmo de alta dos preços em geral voltou a se desacelerar e fechou o ano em 4,62%. O fato é que a variação nominal, sem considerar o efeito corrosivo da inflação sobre o poder de compra dos salários, igualmente perdeu força, com as altas na faixa de 17,0% nos dois primeiros trimestres de 2023 cedendo para 12,8% no terceiro e para 10,0% no quarto trimestre.
Balanço