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domingo, 24 de novembro de 2024
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Fatores passageiros causam alta da inflação no início de fevereiro

A inflação nas duas primeiras semanas deste mês, medida entre 16 de janeiro e 15 de fevereiro pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), veio mais alta do que a taxa aferida nas quatro semanas de janeiro, mas abaixo das projeções do mercado financeiro. […]

A inflação nas duas primeiras semanas deste mês, medida entre 16 de janeiro e 15 de fevereiro pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), veio mais alta do que a taxa aferida nas quatro semanas de janeiro, mas abaixo das projeções do mercado financeiro. A elevação, no entanto, foi determinada principalmente pelo aumento sazonal dos custos de matrículas, mensalidades escolares e do material didático nesta época do ano e ainda pela mudança de sinais no setor de combustíveis, ditada especialmente pelo aumento de impostos sobre a gasolina. Esses fatores, no entanto, não guardam qualquer relação com a situação da demanda, vale dizer, as altas não foram motivadas por um aquecimento de consumo e tendem a ser dispersados mais adiante, esgotados os efeitos altistas agora observados.

Para ser ainda mais claro, a inflação no início do ano não justificaria e nem explicaria qualquer mudança nos rumos da política monetária, trazendo eventual interrupção do ciclo de cortes (modestos) nos juros e até mesmo a retomada das altas da taxa básica. As pressões inflacionárias no começo de todo ano são recorrentes e, neste momento, as variações observadas justamente na área da educação sugerem um ritmo menos intenso do que aquele observado no mesmo período do ano passado.

O IPCA-15 de fevereiro apresentou variação de 0,78% na média de todo o País, diante de uma taxa de 0,42% no fechamento de janeiro, o que mostra uma aceleração de 0,36 pontos percentuais na primeira quinzena do mês em curso. Para Goiânia, o IBGE registrou a maior variação entre as capitais, com alta de 1,07% na medição entre as duas semanas finais do mês passado e as duas primeiras deste mês, o que se compara com 0,87% nos 30 dias de janeiro, numa elevação de 0,20 pontos percentuais – tendência igualmente determinada pelos aumentos de preços nos setores de educação e dos combustíveis (processo agravado por aqui, sob o ponto de vista da inflação, em função do aumento da alíquota modal do Imposto sobre a Comercialização de Mercadorias e Serviços, o ICMS, decidido pelo governo do bolsonarista Ronaldo Caiado).

Pressão em baixa

No cenário nacional, o IPCA-15 veio inferior à inflação mediana (mais comum) esperada por todo o mercado, que aguardava uma taxa ao redor de 0,83% – a equipe de macroeconomia do Itaú BBA, em outro exemplo, projetava um IPCA-15 mais próximo de 0,88% para este mês, mas foi surpreendida pelo comportamento mais baixista do que o esperado para os preços das passagens aéreas e da gasolina. Em linhas gerais, no entanto, não se antecipam riscos inflacionários relevantes no horizonte visível. Os aumentos agora registrados nas matrículas e mensalidades escolares, como sempre ocorre, vão perder força mais à frente, assim como a correção nos preços dos combustíveis, depois de absorvida a elevação dos impostos. A partir de março, com a entrada da nova safra, embora menor do que seu potencial, da mesma forma tende a amenizar pressões inflacionárias no setor da alimentação.

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