Agricultura, consumo e setor externo seguram economia no final de 2023
O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos pela economia, cresceu 2,9% no ano passado, depois de avançar 3,0% em 2022. O dado, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), veio acima das projeções iniciais do mercado financeiro, que havia antecipado um incremento pouco acima de […]
O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos pela economia, cresceu 2,9% no ano passado, depois de avançar 3,0% em 2022. O dado, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), veio acima das projeções iniciais do mercado financeiro, que havia antecipado um incremento pouco acima de 0,8% para 2023 ainda no início daquele ano, previsão revisada no final de junho para 2,19% e, mais adiante, já na reta final do exercício, elevada para 2,92% – com o requinte de “adivinhar” a variação até a segunda casa depois da vírgula.
O ano, no entanto, dividiu-se nitidamente em duas fases bem distintas, quando considerada a variação trimestre a trimestre, já com ajuste sazonal. Nos dois primeiros trimestres, na comparação com o período trimestral imediatamente anterior, descontados fatores e eventos que se repetem nas mesmas épocas todos os anos, a economia havia anotado variações de 1,3% e de 0,8%, saindo de um incremento de apenas 0,2% no trimestre final de 2022. Aparentemente, com a contribuição especificamente do setor agrícola, o PIB parecia engrenar uma melhoria, logo revertida pelas taxas observadas nos dois trimestres finais do ano passado, com variação nula nos dois períodos.
Sob o ponto de vista da demanda, a estagnação virtual observada no final do ano veio por conta de um ligeiro recuo de 0,2% no consumo das famílias na saída do terceiro para o quarto trimestre, numa reversão em relação à alta de 0,9% registrada no terceiro trimestre, frente aos três meses imediatamente anteriores. A contribuição do setor externo, adicionalmente, perdeu força, devido a uma elevação de 0,9% nas importações e de uma estagnação relativa das exportações de bens e serviços, que avançaram apenas 0,1% no quarto trimestre. Para colocar em perspectiva, as importações haviam encolhido 2,1% no terceiro trimestre, ao mesmo tempo em que as exportações haviam logrado um salto de 2,8% no mesmo período.
Agro em baixa
Pela ótica da produção, a agropecuária, grande destaque ao longo do ano em função da supersafra de grãos, sofreu queda de 5,3%, com perdas menos intensas para o comércio e a indústria de transformação, que recuaram 0,8% e 0,6% frente ao terceiro trimestre. A alta de 4,7% na indústria extrativa e de 4,2% para o setor de construção evitou que a indústria como um todo entrasse em terreno negativo, assegurando o crescimento de 1,3% frente ao terceiro trimestre. A desaceleração pode ser notada igualmente na comparação com períodos idênticos de 2022, com a alta de 3,8% no primeiro semestre substituída por uma variação mais contida, embora não desprezível, de 2,0% na segunda metade de 2023.
Balanço