O volume de recursos alocados pela Saneamento de Goiás S.A. (Saneago) em sua reserva destinada a bancar planos futuros de investimento foi multiplicado por pouco mais de cinco vezes desde 2019, saltando de R$ 272,836 milhões para quase R$ 1,466 bilhão ao final do ano passado – o que correspondeu a um acréscimo de R$ 1,193 bilhão. Considerando valores nominais, sem descontar a inflação decorrida no período, as reservas saltaram 437,2% no mesmo período e devem contribuir para sustentar a expansão da empresa e sua perpetuação ao longo do tempo, ajudando a financiar os investimentos programados pela companhia em sistemas de saneamento e na universalização dos serviços de água e esgoto na área de atuação da concessionária.

O aumento vigoroso das reservas para investimento certamente esteve associado ao crescimento igualmente acelerado do resultado líquido da Saneago no período e a uma distribuição de dividendos equilibrada, na média próxima de 24,3%, fixando-se em 23,75% a partir de 2020. Na verdade, o ponto fora da média foi registrado em 2019, quando a companhia distribuiu 27,26% do resultado líquido sob a forma de dividendos e juros sobre o capital próprio, somando R$ 74,992 milhões para um resultado líquido de R$ 275,062 milhões.

Os dados do balanço mostram que a Saneago acumulou lucros ligeiramente acima de R$ 1,949 bilhão entre 2019 e 2023, dos quais R$ 472,639 milhões (24,25%) foram distribuídos para os acionistas, incluindo o governo estadual, que detém 67,23% das ações, Goiás Previdência (24,27%), Goiás Parcerias (8,49%) e minoritários, com participação de apenas 0,01%. A maior parcela dos ganhos foi destinada de fato à reserva para investimento, que aumentou em R$ 1,193 bilhão desde 2019. Os lucros restantes foram alocados na chamada “reserva legal”, que as empresas devem constituir obrigatoriamente para fazer frente a prejuízos eventualmente enfrentados pelas corporações ou, alternativamente, para reforçar seu capital social.

Em média, a Saneago tem destinado em torno de 14,6% dos seus resultados para a conta de reserva legal, diante de uma exigência legal que flutua entre 5% a 20% do resultado líquido. No ano passado, a título de exemplo, a concessionária destinou R$ 107,735 milhões para a reserva legal, correspondendo a 18,45% do lucro do período.

Investimentos

Os resultados realizados ao longo daqueles anos e o colchão de segurança constituído pela empresa abriram espaço para investimentos na faixa de R$ 2,347 bilhões entre 2019 e 2023, seja na expansão da rede de captação e tratamento de água e esgoto, sistemas de informática, máquinas, tratores, outros equipamentos, veículos, móveis e outros materiais. Apenas como referência, o investimento acumulado naquele período correspondeu a 57,46% do patrimônio líquido registrado em dezembro do ano passado, que atingiu perto de R$ 4,085 bilhões. Grosso modo, o patrimônio líquido corresponde aos recursos que ficam à disposição dos acionistas para financiar a manutenção e a expansão da companhia. Novamente entre 2019 e 2023, o patrimônio líquido aumentou praticamente 48,0% ao saltar de R$ 2,761 bilhões para aqueles R$ 4,085 bilhões, mostrando que a empresa tem crescido sem sacrificar seus ativos líquidos e ganhando musculatura para manter seus investimentos.

Balanço