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domingo, 24 de novembro de 2024
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“Bolsa juros” eleva dívida e consome 4,5 vezes mais recursos do que Bolsa Família

O “trio parada dura” do austericídio, entrevistado dia sim e outro também pela autoproclamada grande imprensa, formado por um físico com formação em economia, uma economista ainda hoje a serviço de instituições financeiras e um brutamontes que chegou a ocupar uma diretoria no Banco Central (BC), despejou sua verborreia habitual pelos canais de tevê contra […]

O “trio parada dura” do austericídio, entrevistado dia sim e outro também pela autoproclamada grande imprensa, formado por um físico com formação em economia, uma economista ainda hoje a serviço de instituições financeiras e um brutamontes que chegou a ocupar uma diretoria no Banco Central (BC), despejou sua verborreia habitual pelos canais de tevê contra o que considera um “afrouxamento” da meta fiscal. Repetir o déficit zero no próximo ano e adiar um superávit fiscal (receitas menos despesas, sem incluir os juros) mínimo para 2026 significaria condenar a economia ao avanço inexorável da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), trazendo como consequência um crescimento sempre baixo da atividade e promovendo ainda o descrédito da política fiscal ao desacreditar a política de metas nesta área.

Obviamente, uma parte da equação que tem produzido o aumento da dívida pública interna – aliás a parcela mais relevante – foi devidamente varrida para debaixo do tapete nesse debate distorcido desde o início pelo terrorismo fiscal estimulado pela corrente mais conservadora do pensamento econômico. Trata-se, evidentemente, da política de juros altos executada pelo Banco Central (BC). Essa política tem duplo efeito sobre o endividamento do setor público, a começar pelo aumento direto gerado pela necessidade de cobrir as despesas com juros.

Outro efeito, igualmente pouco considerado pela ortodoxia, está relacionado ao baixo crescimento a que a economia tem sido condenada justamente pelos juros altos. Com o baixo crescimento do PIB e a pressão dos juros sobre as despesas financeiras, a relação entre dívida e PIB torna-se crescente. Na equação dos ultraliberais, o superávit primário deveria fazer frente àquelas despesas financeiras, que passaram a corresponder a 7,27% do PIB no primeiro bimestre deste ano (mas atingiram 5,85% do PIB no acumulado em 12 meses até fevereiro de 2024, apenas na área do governo central). Como parece evidente, um arrocho nessas proporções exigiria um corte desumano de despesas, que penalizaria especialmente as famílias de renda mais baixa, que mais dependem de serviços públicos.

Inversão de valores

A cegueira, que também contamina a grande imprensa, levando a uma inversão total de valores, impede que se perceba a mais absoluta iniquidade de uma política de arrocho daquele tipo. Nos dois primeiros meses deste ano, o governo central gastou em torno de R$ 129,156 bilhões apenas para pagar a “bolsa juros” a alguns milhares que se beneficiam do cassino de juros altos. Para comparar, aqueles valores foram 4,51 vezes mais elevados do que os recursos destinados ao Bolsa Família, que somaram menos de R$ 28,612 bilhões em janeiro e fevereiro passados. A receita conservadora defende cortes nas despesas primárias, excluídos os juros, categoria que abriga do Bolsa Família. Um corte de 44% nos gastos com juros teria praticamente o mesmo efeito sobre o rombo nominal, que inclui aqueles gastos. 

Balanço

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