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domingo, 24 de novembro de 2024
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Inflação bem-comportada ajuda a reforçar críticas aos juros altos

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) havia alcançado 0,61% em abril do ano passado, o que resultou numa taxa de 4,18% no acumulado em 12 meses – vale dizer, já abaixo do teto da meta inflacionária definida para 2023 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que serve (ou deveria servir) para delimitar limites […]

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) havia alcançado 0,61% em abril do ano passado, o que resultou numa taxa de 4,18% no acumulado em 12 meses – vale dizer, já abaixo do teto da meta inflacionária definida para 2023 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que serve (ou deveria servir) para delimitar limites para a política monetária, quer dizer, para os juros básicos administrados pelo Banco Central (BC). Mesmo assim, sob o comando de Roberto Campos Neto, o BC resistia e só veio a iniciar a redução da taxa básica no começo de agosto daquele ano, quando os juros recuaram modestamente de 13,75% – taxa que vigorava há 12 meses – para 13,25%.

Para rememorar, o centro da meta inflacionária no ano passado estava fixado em 3,25%, com um piso de 1,75% e um teto de 4,75% (já que a política de metas admite uma tolerância de 1,5 ponto percentual para baixou ou para cima em relação à meta central). Neste ano, o Copom decidiu reduzir o centro da meta para 3,0%, com teto de 4,50% e piso de 1,50%. Em abril deste ano, o IPCA chegou a 0,38%, ligeiramente acima da expectativa mediana dos mercados. Segundo o relatório Focus, produzido semanalmente pelo BC para “medir” o ânimo dos mercados, o setor financeiro esperava uma taxa de 0,34%.

De toda forma, a despeito de alguma elevação em relação às quatro semanas finalizadas em 14 de abril e principalmente na comparação com março, a inflação em 12 meses baixou para 3,69%, saindo de 4,51% em janeiro passado. Como os números confirmam, a inflação manteve-se comportadamente inferior ao teto da meta, dado que não parece ter comovido a diretoria do BC, ou pelo menos a maior parte dela, que decidiu desacelerar, na quarta-feira, um processo já tímido de cortes dos juros básicos.

E agora, Campos Neto?

Mais do que isto, as expectativas para a inflação de 2024 e de 2025, dentro do tal “horizonte relevante para a política monetária”, mantinham-se abaixo do teto da meta, fixando-se em 3,72% para este ano e em 3,64% para o próximo ano, em ligeira baixa, portanto. Quer dizer, não só a inflação corrente segue trajetória benigna, como as previsões do setor financeiro vinham refletindo alguma confiança em relação ao cumprimento da política de metas, num sinal de que uma redução mais acentuada dos juros básicos já havia fazia parte dos cenários trabalhados pelo setor e não seria surpresa, portanto, se o BC perseverasse no caminho de resto já antecipado desde o final de 2023. Resta saber qual será o comportamento das tais “expectativas” daqui para frente diante das articulações travadas por Campos Neto para torpedear a política monetária e o futuro da economia no curto prazo e do racha que essa estratégia de alto risco gerou entre os membros do Copom.

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