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domingo, 24 de novembro de 2024
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E tudo por causa de 14 pontos percentuais depois da vírgula…

Nas últimas décadas, têm proliferado no País uma certa categoria de analistas e comentaristas econômicos, abrigados e replicados acriticamente, melhor dizendo, propositadamente, pela grande mídia corporativa. Uma espécie que se dedica a cultivar catastrofismos especialmente quando as decisões e medidas de política econômica não seguem ou desviam-se, ainda que minimamente, do figurino definido pelos mercados. […]

Nas últimas décadas, têm proliferado no País uma certa categoria de analistas e comentaristas econômicos, abrigados e replicados acriticamente, melhor dizendo, propositadamente, pela grande mídia corporativa. Uma espécie que se dedica a cultivar catastrofismos especialmente quando as decisões e medidas de política econômica não seguem ou desviam-se, ainda que minimamente, do figurino definido pelos mercados. Essa categoria, assim como os órgãos da chamada grande imprensa que compartilham a mesma cartilha, tem prestado um desserviço à opinião pública, desinformando leitores em sua cruzada para desmoralizar todos os que se opõem à corrente dominante nos meios econômicos.

Já no início da noite de ontem, logo após a divulgação da ata da reunião mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), ardilosamente conduzida por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), circulava pelas redes sociais material produzido por um analista abrigado em um manjado blog, argumentando que o texto da ata teria sido produzido de afogadilho para tentar “esconder” a ausência de compromisso de diretores indicados pelo governo atual, devidamente rotulados como “petistas”, no enfrentamento da inflação, já que defenderam a manutenção da estratégia já antecipada pelo BC, o que significaria aplicar mais um corte de meio ponto percentual aos juros básicos.

Juros mais baixos agora, argumenta o colunista, significariam preços em alta ou mais inflação à frente, levando os mercados a elevarem os juros futuros (quer dizer, a taxa esperada para os próximos anos), culminando num encarecimento maior do crédito. A coleção de argumentos acaba desmoronando ao final, como anotado pelo próprio autor, ao reconhecer que os juros futuros passaram a cair após a divulgação da ata – o que significa dizer que até mesmo os mercados teriam recebido positivamente a transcrição das discussões que animaram o convescote do Copom, realizado nos dias 7 e 8 deste mês.

Visão pessimista

Em grandes linhas, o Copom justifica sua “cautela” (termo repetido nove vezes ao longo do texto), ao frear o ritmo de queda dos juros, limitada agora a 0,25 pontos percentuais, a uma incerteza maior no mundo, diante a “piora no cenário externo”; às mudanças na política fiscal (adiando a meta de déficit zero); a um “elevado dinamismo” no mercado de trabalho, diante do crescimento do emprego e da queda do desemprego, o que tenderia a causar aumentos de salários e de preços; e a um aumento nas projeções para a inflação no “horizonte relevante” para a política monetária (quer dizer, até 2025). Como “evidência” adicional, a ata menciona pressões sobre a inflação de serviços intensivos em trabalho. Os diretores do BC e seus assessores devem ter acesso a dados mais apurados e completos, assim se supõe, mas a análise dos indicadores disponíveis até momento não parece sugerir riscos mais dramáticos para a inflação, mesmo diante da catástrofe que atingiu o Rio Grande do Sul, em larga medida relacionada às mudanças no clima, mas também à incúria e à ganância das elites.

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