Técnicas conservacionistas reduzem impacto ambiental e geram ganhos
O uso de técnicas conservacionistas na exploração de hortaliças pode contribuir para amenizar os impactos das alterações no regime de chuvas e do aumento das temperaturas médias observadas nos últimos anos, com ganhos de eficiência e redução de custos para o produtor. A tecnologia ganha relevância ainda maior num momento em que eventos climáticos extremos […]
O uso de técnicas conservacionistas na exploração de hortaliças pode contribuir para amenizar os impactos das alterações no regime de chuvas e do aumento das temperaturas médias observadas nos últimos anos, com ganhos de eficiência e redução de custos para o produtor. A tecnologia ganha relevância ainda maior num momento em que eventos climáticos extremos têm ocorrido com maior frequência, gerando estragos econômico e, muito mais grave, ceifado vidas como se observa na tragédia causada pela série de enchentes no Rio Grande do Sul e, não muito distante no tempo, pela seca severa que atingiu o Norte do País no ano passado.
As pesquisas realizadas nesta área desde 2007 pelo Instituto Agronômico (IAC), em parceria com a Agência Paulista de Tecnologias do Agronegócio (APTA), detalha Roberto Botelho Ferraz Branco, pesquisador do IAC, sugerem a possibilidade de redução média de 16% nos custos de produção em relação a sistemas convencionais de produção de produtos hortícolas, com ganhos de 20% nas despesas com irrigação e queda de 10% no consumo de diesel.
A implantação de sistemas conservacionistas, resume Branco, exige revolvimento mínimo da terra ou plantio direto, rotação de culturas e manutenção permanente de cobertura do solo com palhada de gramíneas ou leguminosas, a exemplo de milheto ou crotalária e mucuna nas culturas de verão e aveia ou tremoço, nos plantios de inverno. “O recomendável é sempre entrar com planta de cobertura depois de colhida a hortaliça, em sistema rotacionado”, indica o pesquisador.
Cardápio de vantagens
Os ganhos econômicos vêm acompanhados de um cardápio de vantagens agrossistêmicas que dificilmente os plantios convencionais conseguem oferecer. As práticas conservacionistas, retoma Branco, tornam o cultivo mais resiliente a alterações climáticas e eventos extremos, reduzindo seu impacto sobre a cultura, com a palhada protegendo os solos contra insolação, chuvaradas e a ação dos ventos. Desde o início dos experimentos com hortaliças, o total de matéria orgânica nas áreas cultivadas cresceu de 2,3 para 3,5 gramas por quilo de solo, aumentando o sequestro de carbono, enquanto o volume de água retida no solo mostrou-se 20% a 25% maior em relação a práticas convencionais, o que, associado à menor evaporação, passou a exigir menos irrigação. “A temperatura no solo, ao mesmo tempo, ficou em média 10°C mais baixa do que em plantios realizados com solo exposto, aumentando o conforto térmico da planta”, acrescenta o pesquisador do IAC. O manejo conservacionista possibilitou ainda o aumento da atividade biológica nos solos, com crescimento da população de fungos e bactérias, possibilitando uma melhora na fisiologia e no sistema imunológico das plantas. O efeito direto foi a redução no uso de defensivos e mesmo a eliminação de herbicidas, conforme Branco, já que o sistema inibe o estabelecimento de plantas daninhas.
Balanço