IPCA de junho recua para 0,21% (mesmo com a escalada do dólar)
A conspiração armada pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, conforme já registrado aqui, levou ao congelamento dos juros básicos em 10,50% provavelmente pelo restante deste ano. Mas a escalada do dólar, que veio na esteira das manobras sorrateiramente articuladas por Campos Neto, não teve impactos maiores sobre a inflação, pelo menos por […]
A conspiração armada pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, conforme já registrado aqui, levou ao congelamento dos juros básicos em 10,50% provavelmente pelo restante deste ano. Mas a escalada do dólar, que veio na esteira das manobras sorrateiramente articuladas por Campos Neto, não teve impactos maiores sobre a inflação, pelo menos por enquanto. Ao longo de junho, na média mensal, o dólar subiu 4,99% na comparação com as cotações médias registadas em maio pelo BC, depois de relativa estabilidade em maio. Na ponta, quer dizer, considerando a cotação da moeda norte-americana no final de cada período, a alta em junho chegou a 6,05%, depois de uma variação de 1,35% em maio.
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As oscilações no mercado cambial, até o momento, tiveram baixo impacto sobre as taxas de inflação ou, de outra forma, teriam sido compensadas por variações menores e mesmo baixa nos preços em outros setores, menos influenciados pelo comportamento do dólar. No mês passado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), aferido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre os dias 30 de maio a 28 de junho, recuou para 0,21%, um tanto mais baixo do que esperava o mercado financeiro. O índice saiu de 0,46% nos 30 dias de maio, saindo de 038% em abril, para 0,39% nas quatro semanas terminadas em 14 de junho, recuando para 0,21% ao longo dos 30 dias do mês passado.
Segundo o relatório Focus, instrumento a que recorre o BC para “medir” as previsões exclusivamente do setor financeiro, a expectativa era de uma taxa mensal de 0,32% no mês passado, mais de 50% acima da projeção de 0,21% anotada quatro semanas antes. Mais claramente, no começo de maio, os mercados haviam conseguido calibrar seus modelos mais corretamente e teriam acertado o resultado mensal do IPCA, muito obviamente, caso tivessem persistido naquela mesma direção.
Manobras e conspiração
A mudança de rumos aqui, atribuída pela grande mídia corporativa a falas presidenciais críticas à política de juros extorsivos e ao catastrofismo fiscal em voga, pode ser debitada à conta do senhor Campos Neto, que não só detonou o jogo de pressões em favor do encerramento do ciclo de cortes nas taxas básicas de juros ao falar a plateias seletas de empresários e banqueiros em Nova York e em São Paulo, como também estimulou sorrateiramente a onda de turbulências nos mercados ao acionar pessoalmente banqueiros e operadores do mercado em sua manobra para preservar os ganhos do rentismo mais deslavado. A alta no mercado de câmbio, no entanto, passou a perder força nos 10 primeiros dias de julho, com o dólar passando a recuar diante de junho, o que tende a amenizar eventuais pressões inflacionárias mais adiante.