Como criminosos usam da IA para aplicar golpes
Especialista em Cibersegurança explica com agem e como se proteger dos golpistas
O uso de softwares já faz parte da rotina da maioria das pessoas. Apenas um clique é capaz de conectar pessoas de diferentes lugares do mundo. Tudo isso, devido ao advento da tecnologia. A chegada da Inteligência Artificial (IA) também trouxe muitas surpresas, vários benefícios e facilidades para a sociedade.
Conhecida como a espinha dorsal da inovação na computação moderna, a IA é caracterizada por um conjunto de tecnologias que permitem aos computadores executar uma variedade de funções avançadas, como ver, entender e traduzir idiomas. Além disso, ela é capaz de analisar dados, recomendar coisas, dentre outros. Um verdadeiro leque de possibilidades foi aberto a partir da IA, trazendo vários benefícios e facilidades para a sociedade, tanto no dia a dia das pessoas, quanto para empresas.
De acordo com os especialistas, a IA pode ser organizada de várias maneiras, dependendo dos estágios de desenvolvimento ou das ações realizadas. Os mais comuns são: Máquinas reativas, ou seja, quando a IA só reage a diferentes tipos de estímulos com base em regras pré-programadas; Memória limitada, quando a maior parte da IA moderna é considerada memória limitada; Teoria da mente, fase que está apenas em teoria até o momento e não existe ainda.
Mas assim como essa ferramenta pode ser uma aliada de muitos, ela também pode ser um importante meio para criminosos que querem cometer crimes, como é o caso do golpe, por exemplo. O especialista em cibersegurança, Thiago Sabino, destaca que algumas dessas ferramentas, como as deep fakes, por exemplo, não precisam de muito conhecimento para serem manuseadas, o que facilita o uso por parte de criminosos.
“É feita essa sintonização dos lábios. É tudo muito parecido, porque aquele vídeo fica sendo adulterado, claro. Então cada vez mais isso está acontecendo, em teoria não é algo difícil de se fazer, difícil da gente perceber isso” explica, ao alertar que é preciso ter um olhar muito apurado para poder identificar se a video chamada é fake ou não.
Sabino destaca que como se trata de algo novo, ainda não há tantos mecanismos de defesas contra esses golpes. Além disso, a inteligência artificial está em todo lugar e é usada o tempo todo. “Todos os portais de busca, todos os sites que usam a inteligência artificial, já estão se atentando, estão trabalhando para conseguir identificar e bloquear esse tipo de conteúdo”, salienta.
O famoso chat GPT também é uma ferramenta que pode ser usada para praticar delitos, uma vez que é possível treinar o software para aprender o estilo da escrita de alguém e reproduzi-la a fim de tentar enganar um amigo ou familiar desta pessoa. Sabino pontua que especificamente, o chat GPT é mais usado para essa aprendizagem de perfis, a partir de informações coletadas nas redes sociais das vítimas e adicionadas na ferramenta, com o intuito de que ela aprenda a escrever exatamente como o indivíduo em questão.
Esse tipo de método é utilizado principalmente para enganar pessoas com idades mais avançadas, que não conseguem identificar ao certo os padrões de escrita e entendem pouco sobre tecnologia, de acordo com o especialista. “E aí normalmente o que os bandidos fazem é buscar informações públicas, nas redes sociais. O que a pessoa possa estar inserindo ali para ele criar meio que um perfil daquela pessoa”, detalha.
Os vídeos postados nas redes sociais também são muito utilizados por criminosos que os inserem nas plataformas de IA, para que elas aprendam a se comunicar da mesma forma que as vítimas. De acordo com Thiago, com apenas dois minutos de vídeo, a IA já consegue reproduzir a voz dessa pessoa.
Saiba como se proteger da escalada de golpes virtuais
O especialista destaca que é importante se atentar aos potenciais riscos e afirma que é possível se proteger dessas tentativas de lesão, apesar de não ser uma tarefa fácil. “Hoje é muito difícil a gente a olho nu conseguir identificar algumas deep fakes, uma vez que elas são muito bem elaboradas.
Desse modo, a orientação do especialista e da Polícia Civil é que a pessoa tenha uma palavra-chave compartilhada com os familiares e amigos mais próximos que possa identificar se a pessoa que está por trás das câmeras ou mesmo do chat, seja verdadeira. Assim, sempre que precisar fazer uma transferência, receber um contato, a primeira orientação é ter que fazer uma videochamada que não seja pela plataforma solicitada pelo suspeito.
“Alguém te ligou e falou que você teve um acidente, que precisa de um valor em dinheiro, para tentar confirmar precisamente aquela pessoa fazendo uma videochamada, e senão ter uma palavra-chave, que vai ser uma senha que vocês podem trocar aí no caso de um incidente”, reitera.
No caso das compras pela internet, que também estão sujeitas a sofrerem golpes, a orientação do especialista em cibersegurança é que as pessoas façam pesquisas para saber se trata-se de uma oferta ou promoção verdadeira. “É sempre bom ser precavido e sempre desconfiar, esse é o principal ponto”, destaca. “Não existe almoço grátis, os produtos que vendem bastante, eles não dão um desconto tão agressivo, e a gente pode dar uma pesquisadinha para ver se aquele valor realmente condiz com o valor do produto”, acrescenta Thiago.
O profissional diz ainda que é importante ter um diálogo mais aberto com amigos e familiares sobre esses assuntos. Além disso, tão importante quanto saber identificar esse tipo de golpe e se esquivar deles, é alertar os parentes para que não sejam vítimas desses golpistas, é o que afirma Sabino. (Especial para OHoje)