Restauração do primeiro órgão de tubos do Estado de Goiás
Espaço inativo há mais de 15 anos, dentro da Igreja Nossa Senhora do Rosário, foi entregue na última quinta-feira (28), nas festividades religiosas da Cidade de Goiás
Após um processo de restauração, o Órgão de Tubos da Igreja Nossa Senhora do Rosário, uma das peças mais emblemáticas na trajetória da música litúrgica em Goiás e em todo o Brasil, foi entregue à comunidade durante as celebrações da Semana Santa, na Missa do Lava-pés e da Santa Ceia do Senhor, que aconteceu na última quinta-feira (28), na cidade de Goiás, deixando um marco histórico na música sacra.
Na apresentação de entrega, um coral de 50 vozes, regido pelo maestro Sebastião Curado, acompanhou o órgão, que foi tocado pela professora Consuelo Quireze, da Escola de Música da Universidade Federal de Goiás (UFG), e pelo Dr. Fernando Cupertino. A cerimônia também teve a presença do governador Ronaldo Caiado e da primeira-dama Gracinha Caiado.
Para o reitor do Santuário Nossa Senhora do Rosário, Frei Cristiano Bhering, “apresentar à comunidade a conclusão desse projeto grandioso de restauro do órgão de tubos de nossa igreja na ocasião da Semana Santa é um presente aos vilaboenses e a todos os goianos. Com o instrumento pronto para voltar a ser utilizado, iremos reavivar a música sacra na Igreja do Rosário, além de termos a valorização desta rica herança cultural de Goiás deixada pelo trabalho dos frades dominicanos”, destaca.
O investimento de R$ 184.157,82 no restauro do instrumento, feito pelo Governo de Goiás, tem a proposta de além de preservar, se tornar um ponto focal para concertos, atraindo visitantes e turistas. As obras realizadas pela empresa Daniel Gazzaniga Rogatto Órgãos de Tubos, em São Paulo, durou cinco meses e ocorreu por meio do Programa Goyazes de Incentivo à Cultura, gerenciado pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult), tendo a empresa Equatorial Energia como patrocinadora. Foram reconstruídas peças danificadas, como fole, além de reparos e revestimento de tubos e do teclado.
O reitor explica que o instrumento estava há mais de 15 anos parado por apresentar diversos problemas estruturais. “O fole do órgão, que é o pulmão dele, é feito de pele de carneiro e com o passar do tempo ele deteriorou porque a umidade do ar aqui é muito seca. Além do sistema mecânico que passou a ser elétrico, também foi feito todo um trabalho de revitalização e de reconstrução do fole, consertos e novo revestimento dos tubos, das canaletas e teclado, e de descupinização das peças”, ressalta.
Com a revitalização do instrumento, a igreja visa não só preservar a música sacra durante as celebrações e o patrimônio cultural, mas também preservar os símbolos históricos da cidade de Goiás. A restauração da peça também entra nas comemorações do ano jubilar dos 140 anos da presença dos frades dominicanos em Goiás, que teve início em 23 de abril de 2023.
Para a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes, o restauro do instrumento representa uma celebração da memória e do legado artístico e cultural. “Com mais esta iniciativa, reforçamos um dos principais compromissos do Governo de Goiás dentro da política pública de fomento à valorização do patrimônio cultural e religioso, que é a preservação dos bens históricos do Estado”, destaca.
Marco cultural
O Órgão de Tubos da Igreja do Rosário é a primeira peça do gênero em Goiás e uma das pioneiras do Brasil, encomendada em 1947 por Dom Frei Cândido Penso, na época bispo da Prelazia de Santana da Ilha do Bananal, na Itália.
A igreja do Rosário ostentou entre os anos de 1940 e 1956 o título de Igreja Catedral da Prelazia de Santana do Bananal, coexistindo na cidade de Goiás, com a Catedral de Santana, naquela época Catedral da Arquidiocese de Goiás. Para dar notoriedade à catedral prelatícia de Nossa Senhora do Rosário, Dom Cândido Penso encomendou dois trabalhos. O primeiro, um órgão de tubos para as celebrações litúrgicas; e o segundo, executado nos anos cinquenta, a pintura de afrescos por Frei Nazareno Confaloni.
O Órgão de Tubos da igreja do Rosário, além de simbólico, é de grande relevância para os vilaboenses e o público em geral, pois representou um grande passo na modernização e erudição da música litúrgica, até então muito executada nas igrejas.